terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A PRODUÇÃO CARVOAJEIRA NO MUNICÍPIO DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA-PA

Valtey Martins de Souza

O presente texto trata, muito preliminarmente, do caminho trilhado por mim enquanto educador, da produção carvoajeira no município de São Domingos do Araguaia e de sua implicação socioambiental.
Nesses termos, começo falando de mim, sou professor de Geografia que atua no ensino fundamental e médio no município de São Domingos do Araguaia, Pará. Faço parte do quadro de funcionários públicos do estado desde o ano de 1988 e do município desde 1999. Cursei Geografia (licenciatura) entre os anos de 2000 e 2004, quando desenvolvi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), com o tema de investigação voltado para a atividade madeireira no município acima citado. Desse período para cá procurei voltar minha atenção para o trabalho em sala de aula, sem muita preocupação com a produção de trabalhos de pesquisas. A exceção foi a produção de artigos com base no TCC que foram publicados no site www.webartigos.com. A partir dessas publicações o interesse por pesquisas na área ambiental se intensificou, culminando no projeto de análise que visa desvendar o processo de carvoejamento no município de São Domingos do Araguaia e suas implicações socioambientais.
Minha curiosidade para trabalhar essa temática se aguçou devido a alguns alunos do ensino médio, principalmente, terem relatado trabalharem na produção de carvão vegetal para as siderúrgicas de Marabá. A partir desse ponto, passei a investigar como se dava a produção, quais as pessoas envolvidas, qual a renda e os empregos gerados e quais as transformações espaciais.
Desse modo, desvelei que a produção era feita tendo como base a floresta natural e o coco babaçu, onde o mesocarpo e a amêndoa não tinha aproveitamento. Portanto, danos ambientais foram causados, pois, se parte da floresta natural foi retirada de maneira predatória e os babaçuais não estão sendo utilizados de forma mais racional (aproveitando toda a potencialidade do fruto), isso pode se reverter, a médio e longo prazo, em mal estar à comunidade, que sofrerá pela falta ou o rareamento de espécimes vegetais e animais de uso comum.
Dessa forma, notei que a produção se dá através do uso de recursos naturais que são comprados de terceiros, como parcelas de florestas que são derrubadas para o plantio de roças ou pela aquisição de enormes quantidades de sacas de coco babaçu a R$ 1,00 cada. Após a compra da matéria-prima a produção de carvão acontece em fornos feitos com tijolos e cimento (rabo quente) e em tambores metálicos.
Nesse contexto, verifiquei que as pessoas envolvidas nessa produção são, principalmente, fazendeiros que contratam pequenos lavradores ou pessoas desempregadas e juquireiros para produzirem o carvão vegetal. Os pequenos lavradores fazem uso da força de trabalho de familiares para tal empreitada, sendo que alguns deles ainda são crianças. Quanto à renda e os empregos gerados nesse tipo de produção, detectei que são mínimos e em pouco número. Algumas famílias desenvolvem trabalhos análogos ao escravo, pois, não recebem salários e sim víveres (alimentos, ferramentas, roupas, calçados e outros).
Nessa conjuntura, notei que as florestas estão encolhendo, os cursos d’água estão secando e a população mais empobrecida continua no abandono.
Assim, ao concluir esse breve raciocínio, me faço a seguinte pergunta: como minimizar os danos ambientais provocados por essa atividade que se tornou predatória no município de São Domingos do Araguaia? Como tentativa de resposta, penso que um bom caminho a trilhar, embora longo, seria a criação da consciência de que os recursos naturais são finitos e que sua escassez pode provocar danos ambientais. Tal consciência deve ser criada junto as pessoas que lidam diretamente com a produção mencionada, em um primeiro momento, más pode ser introduzida no ambiente escolar através de campanhas que primem pela educação ambiental.