terça-feira, 1 de março de 2011

O DESMATAMENTO DA VEGETAÇÃO CILIAR DO IGARAPÉ DO GUIDO PELO LOTEAMENTO CIDADE JARDIM*

VALTEY MARTINS DE SOUZA
RENATO NORONHA MARTINS
LUIZ DE OLIVEIRA SILVA
JOCILENE COSTA VANZELER
JANAINA JUSTINO DA SILVA

Nesse texto iremos tratar, de forma muito breve, sobre a construção do loteamento Cidade Jardim, do Grupo Leolar, que provocou o desmatamento da vegetação ciliar das margens do igarapé do Guido.
Nessa direção, o novo loteamento implantado às margens da rodovia Transamazônica, entre os quilômetros 8 e 12, no sentido Marabá São Domingos do Araguaia, acabou por provocar a retirada da vegetação ciliar do igarapé do Guido. Esse loteamento chamado de Cidade Jardim está sendo erigido na margem esquerda da mencionada rodovia, nesse caso, parece que foi pensado como solução para o crescimento urbano da cidade de Marabá.
Nesses termos, o loteamento é tido pelos atores que detêm o poder de decisão, como parte do desenvolvimento que chega a Marabá. Entretanto, não concordamos, pois pensamos que o crescimento econômico será prevalente e não beneficiará a todos, assim sendo, concordamos com Sen (2004 apud Jacobi, 2005), que ao resumir suas idéias sobre o desenvolvimento, o entende como as possibilidades que a cooperação e a solidariedade entre os membros da sociedade trazem ao transformar o crescimento econômico de destruidor das relações sociais em processo de formação de capital social ou em “desenvolvimento como liberdade”.
Desse modo, nos fazemos às seguintes questões: o que irá acontecer com o igarapé do Guido? O igarapé ficará poluído? Assoreado? E a população do entorno? Quais as conseqüências para ela? A vegetação ciliar irá se recuperar? Os animais silvestres irão perecer? O propalado desenvolvimento beneficiará a todos sem distinção?
Nesse contexto, pretendemos utilizar os conhecimentos disponibilizados por Sato & Santos (2003), principalmente a teoria crítica ou sócio-construtivista, para nos embasar nessa hipotética pesquisa-intervenção.
Assim, entendemos que os atores envolvidos nos problemas ambientais aqui destacados, são: o Grupo Leolar, futuros moradores do loteamento e pessoas que vivem no entorno do igarapé e fazem uso da água e de seus recursos, como peixes, animais silvestres, frutos e outros.
Dessa forma, elencamos hipóteses que visam propor possíveis soluções que possam solucionar ou minorar a problemática acima destacada. Pensamos que o igarapé do Guido será assoreado, portanto, o reflorestamento de suas margens pode ajudar a minimizar o dano ambiental. No entanto, isso não é de ser posto em prática, principalmente porque os atores hegemônicos (Grupo Leolar) acabam por impor seus ditames aos menos favorecidos (população do entorno).
Nessa conjuntura, o reflorestamento pode ser favorável à despoluição das águas do referido igarapé, porém, só isso não será suficiente. Acreditamos que a dragagem do leito do igarapé poderá contribuir enormemente para tal despoluição e para barrar o assoreamento.
Nesse cenário, a fauna e a flora aquática terão que ser reposta, pois assim, a população do entorno será beneficiada. Esse benefício pode ser traduzido em água sadia, peixes, animais e aquáticos que servem como complemento alimentar da população local.
Desse modo, se essas medidas não forem botadas em prática, os sujeitos locais menos favorecidos irão sofrer, a vegetação ciliar não irá se recuperar e os animais silvestres terrestres e aquáticos perecerão. Quanto ao desenvolvimento beneficiar a todos aos atores citados anteriormente, não nos parece ser possível que isso aconteça, pois onde se estabelecem as relações capitalistas de produção não há lugar para igualdade dentro do tecido social.
Nesse sentido, acreditamos que as ações que deveriam ser postas em prática na aludida área, precisariam ser aquelas que têm por base o ecodesenvolvimento ou desenvolvimento sustentável. Para Jacobi (2005), essa perspectiva propõe um desenvolvimento que harmoniza objetivos sociais, ambientais e econômicos.

BIBLIOGRAFIA PESQUISADA

JACOBI, P. Roberto. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. In: Educação e Pesquisa, v. 31, n. 2, p. 233-250. São Paulo: USP, maio/ago. 2005. Disponível em: . Acessado em: 12/01/2011.
SATO, Michèle; SANTOS, José Eduardo. Tendências nas pesquisas em educação ambiental. In: NOAL, F.; BARCELOS, V. (Orgs.). Educação ambiental e cidadania: cenários brasileiros. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003. p. 253-283.

*Adaptação de trabalho apresentado a Professora Marilena Loureiro da Silva, da disciplina Metodologia da Pesquisa em Educação Ambiental, do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, do Núcleo de Educação Ambiental da UFPA, Campus Sul e Sudeste do Pará, Marabá em janeiro de 2011.