quinta-feira, 4 de abril de 2024

O que é memória coletiva? Quais os percussores desse conceito?

A memória coletiva refere-se às lembranças e experiências compartilhadas por um grupo ou sociedade, que moldam a sua identidade cultural e histórica. É a memória que une as pessoas de uma comunidade em torno de um passado comum. Ela pode ser transmitida oralmente, por meio de rituais, celebrações, monumentos e outros símbolos culturais. O conceito de memória coletiva tem sido explorado por diversos sociólogos e antropólogos ao longo do século XX. Um dos percussores desse conceito é o sociólogo francês Émile Durkheim, que em 1893 publicou a obra “De la Division du Travail Social”, onde discutiu a importância da memória coletiva na formação e manutenção da solidariedade social. Outro pensador influente na compreensão da memória coletiva é o historiador francês Maurice Halbwachs, que em seu livro “Les Cadres Sociaux de la Mémoire” de 1925, defende que a memória coletiva é influenciada pelos grupos sociais em que as pessoas estão inseridas. Mais recentemente, o sociólogo francês Pierre Nora destacou a importância do conceito de memória coletiva em sua obra “Les Lieux de Mémoire” de 1984, onde argumenta que a memória é construída por lugares, monumentos, festivais e outras expressões culturais que são utilizados para preservação e evocação do passado. Assim, a memória coletiva é um conceito fundamental para o entendimento da identidade cultural de uma sociedade e da sua história compartilhada, sendo capaz de unir as pessoas em torno de um bem comum e preservar a sua herança cultural. Bree AI.04 de abril de 2024.

O que é "território de memória"?

Como modelo de referência, o termo “Território de Memória” é originário da França, estabelecido pelo historiador Pierre Nora, em seu livro “Les Lieux de Memoire”, publicado em 1984. A obra trata da construção da identidade nacional francesa a partir de lugares de memória, como museus, monumentos, livros, festivais, entre outros. A ideia do “Território de Memória” consiste em resgatar a história e a memória de um local, valorizando e preservando sua identidade cultural. É um conceito utilizado para conceber espaços que concentram a memória de determinada comunidade ou grupo, sejam eles lugares de preservação da natureza, edifícios históricos, museus, centros culturais, ou áreas urbanas com importância simbólica. Visa garantir a continuidade de tradições culturais, manter vivas as expressões da cultura popular, além de preservar etnias e comunidades. O “Território de Memória” pode ser considerado como uma representação coletiva do passado, um patrimônio cultural que se entrelaça com o presente, sendo capaz de influenciar na formação da identidade cultural dos indivíduos. É, portanto, uma importante ferramenta para a preservação da história e da cultura de uma sociedade. Bree AI. 04 de abril de 2024.

terça-feira, 26 de março de 2024

Memória coletiva*

Memória coletiva é um conceito historiográfico definido como um repositório abstrato de informações referentes a uma comunidade, grupo ou lugar que se constitui a partir de memórias individuais em seu processo de interação social. A memória coletiva é composta de símbolos, histórias, narrações e imagens que participam da construção identitária de determinado conjunto de indivíduos. O conceito de memória coletiva foi desenvolvido pelo sociólogo francês Maurice Halbwachs (1877-1945) em seu livro "Memória e Sociedade" (1925). Halbwachs argumentou que a memória não é uma propriedade individual, mas sim uma construção social que é compartilhada por um grupo de pessoas. Ele afirmou que a memória coletiva é moldada por fatores como a cultura, a ideologia, as instituições e os eventos históricos. A memória coletiva é importante porque nos ajuda a entender nossa própria história e a história de nossos antepassados. Ela também nos ajuda a nos conectar com outras pessoas que compartilham nossas experiências. A memória coletiva pode ser um lugar de cura, aprendizado e crescimento. Ela pode nos ajudar a nos tornar mais fortes, mais resilientes e mais compassivos. Alguns exemplos de memória coletiva incluem: As histórias que nos contam sobre nossos antepassadosOs símbolos que representam nossa culturaOs eventos históricos que nos moldaramOs lugares que são importantes para nós. A memória coletiva não é estática, mas sim dinâmica. Ela está constantemente sendo recriada e reinventada. A memória coletiva é importante porque nos ajuda a entender nosso lugar no mundo e a nos conectar com outras pessoas. * Texto criado por IA em 3 de dezembro de 2023.

Roberto DaMatta falando sobre tempo e trabalho nas populações tradicionais

DaMatta (1997) no diálogo com Dumont (1975), relata que, "Nessas sociedades tradicionais - nas quais o todo predomina sobre as partes -, as atividades do trabalho não se separam de um tempo necessário para realizá-las, nem o trabalho é visto como realidade isolada, individualizada, inteiramente divorciada do homem que o realiza, concepção fundamental para que se possua o trabalho e se explore o homem. Tudo está coerentemente totalizando em uma forma de realidade social em que o abrangente não é o tempo percebido - como entidade dotada de sentido, força, razão e realidade - mas as relações sociais que são aqui totalizantes. Ou, em outras palavras, nos sistemas tradicionais, o indivíduo não é básico, as relações dos homens com as coisas não são mais valorizadas do que os elos dos homens entre si e, finalmente, a riqueza não é uma categoria autônoma, dominada por bens móveis" (p. 27-28). DaMatta, Roberto da. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. 6 Ed. Rio de Janeiro. Rocco, 1997.

Etnografia

Hammersley e Atkinson (2022) ao falarem sobre o que os etnógrafos fazem, relatam que " Assim, em relação ao que os textos de metodologia definem como desenho de pesquisa, os etnógrafos geralmente empregam uma abordagem relativamente aberta, assim como os pesquisadores qualitativos, de um modo geral (cf. MAX WELL, 2013). Eles partem do interesse em algum aspecto da vida social, tipo de situação, grupo de pessoas ou tema específicos. E, embora eles geralmente tenham em mente aquilo que o antropólogo Malinowski - considerado, muitas vezes, o inventor do trabalho de campo antropológico moderno – chamou de problemas antecipados, a sua inclinação é exploratória. O objetivo é investigar alguns aspectos da vida das pessoas, o que elas fazem, como elas encaram as situações que enfrentam, como consideram umas às outras, e também como veem a si mesmas. A expectativa é que os interesses e as questões iniciais que motivaram a pesquisa sejam apurados e, talvez, até mesmo modificados no decorrer da investigação, e que isso talvez demande um tempo considerável. Por fim, neste processo, a investigação ganhará um foco cada vez mais claro em torno de um conjunto específico de questões, o que, por sua vez, permitirá uma nova coleta de dados complementar e estratégica, de modo a buscar respostas para essas questões e contrastá-las com as evidências" (p 21). Hammersley, Martyn. Atkinson, Paul. Etnografia: princípios em prática. Trad. Beatriz Silveira Castro Filgueiras. Petrópolis, RJ: Vozes, 2022. (p. 21).

Livros sempre preocuparam

“Desde sempre os livros trazem diversas visões, diversas opiniões, de diversos autores, de diversas épocas. E é importante lembrar que o mundo dos livros é o mundo das visões dissonantes, dos debates, da construção do conhecimento e essa construção é dialética. Por isso, muitos regimes são, naturalmente, contra isso, por princípio”, começou explicando. Para ela, determinadas obras, com recortes específicos do Brasil, como as do período literário do Romance de 30, com forte apelo político, ou ainda as publicações de autores que formam a base do pensamento social brasileiro, acabam por afrontar o entendimento simplista, reducionista e distorcido que o bolsonarismo tem do Brasil e de sua formação como nação. “Essas obras são uma ameaça ao pensamento dessa turma. Tome como exemplo as obras da literatura brasileira da década de 30. São obras que discutiram o Brasil, discutiram aspectos da vida nacional. Um romance como os de Graciliano Ramos, ou ainda outras publicações de autores como por exemplo Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, que foram centro do debate intelectual daquela época, mostram pra gente que o Brasil é muito mais complicado do que parece”, disse. https://revistaforum.com.br/brasil/volta-da-queima-de-livros-bolsonarismo/

Definição de território religioso

Zeny Rosendahl define territórios religiosos "...como espaços qualitativamente fortes, compostos de fixos e fluxos, e possuidores de funções e formas espaciais que constituem os meios por intermédio dos quais o território realiza efetivamente os papéis a ele atribuídos pelo agente social que o criou e controla. O território é um importante instrumento de exercício da fé e da identidade religiosa. Apresenta, além do caráter político, nítido caráter cultural, especialmente quando os agentes sociais são grupos étnico-religiosos. Território e identidade religiosa estão fortemente ligados. O sagrado reflete tanto uma identidade de fé quanto um sentimento de propriedade mútuo. Os territórios religiosos se modificam há vários séculos. Não há rigidez no tempo e no espaço é a característica que garante a compreensão das territorialidades, sejam elas formais, sejam informais, perenes ou fugazes" (p.87).

Territórios de Memória: Entrelaçando Histórias e Resistência nas Quebradeiras de Coco Babaçu

As quebradeiras de coco babaçu, mulheres guerreiras que habitam os babaçuais do Maranhão, Pará, Tocantins e Piauí, transcendem a mera coleta de frutos. São guardiãs de saberes ancestrais, tecendo relações de profunda conexão com a terra e suas memórias. Seus territórios, além de espaços físicos, configuram-se como "territórios de memória", onde a história se entrelaça com a identidade e a resistência. Memórias entrelaçadas: Saberes ancestrais: As quebradeiras detêm um conhecimento rico sobre o babaçu, transmitido de geração em geração. Dominam técnicas de coleta, beneficiamento e utilização do fruto em diversos produtos, como óleo, farinha e artesanato. Cosmovisão singular: Sua relação com o babaçu vai além do trabalho. A palmeira é vista como um ente vivo, fonte de vida e sustento, reverenciada em rituais e crenças que expressam sua cosmovisão singular. Marcas na terra: Os babaçuais guardam as marcas da história das quebradeiras. Trilhas percorridas, locais de coleta e beneficiamento do coco são como páginas de um livro aberto, contando histórias de luta, resistência e ancestralidade. Território de luta e resistência: Ameaças constantes: Os territórios de memória das quebradeiras são constantemente ameaçados pelo avanço do agronegócio, grilagem de terras e exploração predatória dos recursos naturais. Mobilização e organização: Em resposta a essas ameaças, as quebradeiras se organizam em associações e movimentos sociais, lutando por seus direitos territoriais, pela preservação do babaçu e pelo reconhecimento de seu papel fundamental na sociobiodiversidade da região. Conquistas e desafios: Através de sua luta incansável, conquistaram importantes vitórias, como a Lei do Babaçu Livre, que garante o acesso livre e gratuito às áreas de babaçuais. No entanto, novos desafios surgem, como a necessidade de fortalecer a gestão territorial e garantir a comercialização justa dos produtos do babaçu. Preservar a memória para o futuro: Reconhecimento e valorização: É fundamental reconhecer e valorizar os "territórios de memória" das quebradeiras de coco babaçu como patrimônio cultural imaterial. Políticas públicas: O Estado deve garantir políticas públicas que assegurem a proteção desses territórios, promovam o desenvolvimento sustentável e fortaleçam a identidade cultural das quebradeiras. Educação e conscientização: A educação ambiental e a conscientização da sociedade sobre a importância do babaçu e das quebradeiras são essenciais para a preservação desse legado cultural e ambiental. Ao defendermos os "territórios de memória" das quebradeiras de coco babaçu, defendemos a história, a identidade, a resistência e o futuro de um povo que tece sua vida em profunda conexão com a terra. Preservar esse legado é garantir a continuidade de saberes ancestrais, a justiça social e a sociobiodiversidade para as próximas gerações. Referências: Associação das Quebradeiras de Coco Babaçu do Maranhão (AQCB): [[URL inválido removido]]([URL inválido removido]) Ministério do Meio Ambiente: https://www.gov.br/mma/pt-br Observatório do Clima: https://www.oc.eco.br/

Mulheres e babaçu*

Nas palmeiras altaneiras do Araguaia, Mulheres fortes e destemidas, Quebradeiras de coco babaçu, com alegria, Teçam suas histórias, suas vidas. Na dança das folhas, suas mãos habilidosas, Retiram o fruto da casca dura e resistente, Com identidade marcada na terra generosa, Elas moldam o futuro, incansáveis e persistentes. Território é mais que solo e geografia, É o pulsar da vida, o coração da luta, Nas veredas e matas, com amor e poesia, Elas preservam a natureza, em cada fruta. Cultura entrelaçada nos fios do babaçu, Cantigas ancestrais ecoam sob o céu estrelado, Em rodas de conversa, risos e abraços, Elas celebram a tradição, o passado e o legado. Mulheres quebradeiras, guerreiras do cerrado, Com mãos calejadas e olhos cheios de esperança, Seu trabalho é um hino à resistência, ao sagrado, Em São Domingos do Araguaia, sua dança. Que o vento leve suas histórias além-fronteiras, E que o mundo conheça a força dessas mulheres, Quebradeiras de coco, com identidade verdadeira, Guardiãs do território, da cultura, das raízes sinceras. * Poema gerado por IA.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

UM FRAGMENTO DA HISTÓRIA DA CIDADE DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA SOB A ÓTICA DE UM MORADOR ANTIGO

Em conversa informal com o senhor Raimundo “Preto”, da família Cabral, que migraram do Maranhão para a localidade de Centro das Latas, no começo da década de 1950, ouvi o relato de como ocorreu a fundação dessa localidade. O senhor Raimundo “Preto” começa falando de um morador mais antigo que ele, Raimundo Ribeiro, que habitava numa localidade chamada Açaizal. Essa localidade era às margens do rio dos “Veados”, na beira da Estrada do Bois. Para o senhor Raimundo “Preto”, o Raimundo Ribeiro era “terecozeiro”, ou seja, adepto do Terecô. Raimundo “Preto” relata que Raimundo Ribeiro fez uma “pinicada” (vereda) beirando o rio dos Veados, que ligava sua localidade de morada, o Açaizal, a outra localidade, chamada Canadá. Ele deu nome a outras localidades que serviriam de paradas nas procissões realizadas durante a semana. Na segunda-feira, o Raimundo Ribeiro saia do Açaizal com outras pessoas em procissão e iam realizar o terecô no Brejo-de-raiz; na terça-feira, o terecô seria realizado na localidade de Eira Velha; na quarta-feira, o terecô aconteceria em Santa Cruz; na quinta-feira, era a vez de Oiteiro da Cruz; na sexta-feira, a localidade escolhida era Braço da Cruz; no sábado, ocorreria no Canadá; e, no domingo, voltavam para o Açaizal. Das localidades citadas, apenas Brejo-de-raiz, Oiteiro da Cruz (hoje conhecido apenas como Oiteiro) e Canadá persistem com esses nomes. As outras localidades deixaram de existir com esses nomes e foram transformadas em pastagens de propriedades particulares e recebem os nomes das propriedades. Raimundo “Preto” ainda relata que outro homem, chamado Bento, gostava de caçar e vinha até da vila de Apinagés até a localidade do Cajueiro, próximo à Vila de Bela Vista (essa vila ainda faz parte do município de São João do Araguaia). Daí, Bento se embrenhava na mata a procura de caças. Um dia, Bento saiu para caçar e encontrou a “batida” (rastros) dos “porcão” (queixadas). Seguiu a “batida” até encontrar os “porcão”, matou dois e tentou voltar. No entanto, já era tarde e ele, Bento, não conseguia encontrar a “batida” de voltar. Então, abriu uma picada com os porcos nas costas e saiu embaixo de uns pés de manga, onde encontrou algumas latas. Ele viu que não daria para voltar para o Cajueiro no mesmo dia então resolveu acampar embaixo dos pés de mangas, onde fez um fogo para secar a carne dos porcos. No outro dia, Beto fez uma “vareda” (vereda) ligando os pés de mangas ao Cajueiro. Então essa localidade passou a ser um dos locais de caçada do Bento, que passou a chamá-lo de “latas”. Para Raimundo “Preto”, foi Bento quem trouxe, ou quem guiou, os Serafim (primeiros moradores da localidade que deu origem a cidade de São Domingos do Araguaia) até seu ponto de caçada que ele denominou de “latas”. Raimundo “Preto” relata que Bento guiou os Serafim até as “latas” (onde hoje é a Maçonaria de São Domingos do Araguaia) e voltou para Apinagés. Raimundo “Preto” fala também sobre a primeira missa rezada na localidade de Centro das Latas. Ele diz que o dominicano Frei Gil rezou a primeira missa na localidade debaixo de uma “latada” (cobertura improvisada para abrigar pessoas) na casa de Acrisio Santos, que fica atualmente onde morava o senhor Gabriel. A partir daí, Raimundo “Preto” fala que foi o frei dominicano que deu o nome de São Domingos a essa localidade, pois o povo não gostava que chamassem de Centro das Latas.