domingo, 11 de dezembro de 2011

Plebiscito no Pará: São Domingos do Araguaia

O plebiscito para o povo paraense decidir se querem ou não a fragmentação territorial do estado está transcorrendo com um baixo comparecimento dos eleitores na cidade de São Domingos do Araguaia. As seções eleitorais estão funcionando com suas capacidades de atendimento reduzidas, justamente pelo baixo índice de votação, cerca de 15% ou 20% do eleitorado estão comparecendo as urnas agora na parte da manhã. Segundo relato de mesários, o movimento de eleitores tende a diminuir no período da tarde. Em conversa com alguns eleitores, ouvi deles que um dos motivos do baixo movimento nas seções, se deve a falta de transportes para trazer os eleitores da zona rural. Além do mais, grande parte do eleitorado local não apresenta nenhum interesse nessa questão separatista. Provavelmente isso se dá pela falta de poder de convencimento por parte da justiça eleitoral e dos políticos locais que não se envolveram muito na questão em pauta.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Verdades e Mentiras sobre a divisão do Pará

Como é o Pará hoje?

O estado do Pará é o segundo maior do Brasil. Tem mais de 1,247 milhões de Km² e cerca de 7,5 milhões de habitantes, 2,1 milhões deles só na região metropolitana de Belém. Tem uma economia essencialmente primária ou seja, baseada na exportação de produtos sem industrialização. Minério, madeira, gado e grãos estão entre esses produtos. Embora as exportações tenham batido recordes a cada ano (o Pará é o segundo maior PIB mineral do País, atrás apenas de Minas Gerais), esse crescimento não é sentido pela população. Temos mais de 2,5 milhões de pessoas vivendo com menos de meio salário mínimo ao mês. E 1,5 milhão dessas vive abaixo da linha de pobreza (menos de R$ 70,00 ao mês); são mais de 700 mil analfabetos, o 2º pior saneamento do Brasil e o primeiro lugar em violência no campo e em desmatamento. Enfim um estado cheio de riquezas mas, com uma população extremamente pobre, evidenciando uma profunda desigualdade social.

Porque existe esse sentimento separatista?

São várias as razões. É verdade que o estado é grande, mas se os municípios do interior fossem assistidos pelo governo do estado não haveria vontade de separar. Se Redenção, Itaituba, Oriximiná, Rio Maria e os demais municípios do interior não padecessem de falta de hospitais, escolas, segurança, saneamento e moradia o sentimento separatista não prosperaria. Logo esse sentimento tem responsáveis: são os governos do PMDB, do PSDB e do PT que abandonaram o interior.

Dividir o estado resolve essa situação?

O Pará não é pobre por ser grande, mas por adotar um modelo de desenvolvimento predatório e concentrador que privilegia latifundiários, mineradoras, madeireiros e sojeiros. Enquanto esse modelo permanecer, pouco importa o tamanho do estado. Os habitantes do oeste e do sul e sudeste paraense alegam que vivem no abandono porque estão distantes do poder, do governo do estado. Quem conhece Belém, Ananindeua, Benevides, Marituba ou demais cidades próximas a Belém, sabe que aqui vivemos os mesmos problemas que o povo do interior. Atrás do Palácio dos Despachos, sede do governo do estado, fica o bairro do tapanã, que vive na maior miséria mesmo estando colado na sede do poder. A questão não é a distância física, mas a distância política.

Quando e como vai se realizar o plebiscito?

O plebiscito, o primeiro a ser realizado no país para aferir a posição da população acerca da divisão de um estado, vai ser realizado dia 11 de dezembro, domingo das 8:00h às 18:00h. Todos os eleitores aptos estão obrigados a votar. Vamos responder se somos ou não favoráveis à divisão do estado para a criação do estado do Tapajós e do Carajás. O número 77 significa sim à divisão e o 55 não à divisão do Pará. Após a apuração o resultado será encaminhado ao Congresso Nacional para decisão e posteriormente à presidência da República para sanção.

Quem ganha com a divisão do estado?

Com certeza não será o povo. Muitos políticos estão de olha na divisão pois vislumbram possibilidade de se elegerem. Se o Pará for dividido serão criados inúmeros novos cargos eletivos: serão 2 novos governadores, 6 novos senadores, 16 novos deputados federais, 48 novos deputados estaduais, 20 secretários de estado, 14 desembargadores, 6 conselheiros de contas e centenas de cargos comissionados. Tudo isso custará milhões e milhões reais, pagas pelo povo, como sempre. Enquanto isso o Pará remanescente perderia 5 deputados federais e 5 estaduais.

O Tapajós e o Carajás são viáveis do ponto de vista econômico?

Não. Diversos estudos comprovam que estes estados já nasceriam deficitários. O estado do Carajás gastaria 26% do seu PIB (Produto Interno Bruto) só na manutenção da máquina estatal. O Tapajós 52% do PIB. Considerando que a média nacional é de 12,5%, constatamos que estes estados nasceriam devendo perto de R$ 2 bilhões a cada ano.

Os separatistas afirmam que quem mais ganha com a divisão é a população do Pará remanescente, isso é verdade?

Não. Eles estão concentrando a campanha no nordeste e na região metropolitana pois sabem que precisam ganhar votos daqui, caso contrário a divisão não será aprovada. Para isso usam argumentos falsos ou deturpados. Afirmam, por exemplo, que a maior parte do PIB ficará no Pará remanescente. É verdade que 55% do PIB ficaria no Pará, mas temos que considerar que a maior parte da população ficaria no Pará. Assim sendo o novo Pará ficaria com um PIB per capita (dividido pela população) de R$ 3,9 mil enquanto do Tapajós seria de R$ 4,7 mil e o do Carajás R$ 8,7 mil. Em outras palavras o povo seria penalizado ainda mais.

Um estado menor seria mais rico?

Se estado pequeno fosse sinônimo de estado rico Alagoas, Sergipe, Espírito Santo e mesmo o Rio de Janeiro seriam verdadeiros paraísos. Alguns municípios paraenses, principalmente no sudeste, são muito ricos. Parauapebas e Canaã dos Carajás, dois expoentes da mineração, colecionam importantes indicadores econômicos. O PIB per capita de Belém em 2007 foi de R$ 9,7 mil. O de Parauapebas de R$ 45,2 mil e o de Canaã foi de R$ 48,6 mil. Apesar disso a população dessas cidades padece dos mesmos problemas que Belém. Quem conhece sabe da falta de segurança, de saneamento, de educação, saúde e moradia que assolam tanto Parauapebas quanto Canaã. O problema não está no tamanho do município ou do estado, mas no modelo de desenvolvimento adotado que faz com que os ricos fiquem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais miseráveis. Ter um estado menor não garante acesso do povo à riqueza. Além disso, é bom lembrar que o estado do Tapajós, se aprovado, já nasceria grande. Seria o 3º maior estado do Brasil, atrás apenas do Amazonas e do Mato Grosso.

Mas se não é o tamanho, quais os principais problemas do Pará?

O Pará padece de boa parte dos problemas dos demais estados brasileiros. O principal deles é a falta de políticas públicas. Embora os estado tenham enorme responsabilidade nessa situação, o maior responsável é o governo federal. Basta lembrarmos que me 2010 o governo Dilma destinou 0,04% do orçamento da União para o saneamento; 2,8% para a educação e 3,9% para a saúde. Enquanto isso, no mesmo ano, destinou 44,9% para o pagamentos dos juros e amortizações da dívida pública. De se lembrar que de 1995 a 2009 a dívida passou de R$ 60 bilhões para R$ 2 trilhões, embora tenhamos pago mais de R$ 1 trilhão. Ou seja, quanto mais pagamos, mais devemos. Outro problema é a lei Kandir, que desonera as exportações. Ou seja quem exporta fica isento de pagar o ICMS. De acordo com o TCE, o Pará perdeu, entre 1997 e 2010, R$ 21,5 bilhões com a Lei Kandir. Isso daria para construir 384 mil casas, zerando o déficit habitacional do estado. Por último tem a corrupção, que desvia anualmente bilhões de reais, impedindo que as políticas públicas cheguem ao povo.

Qual a solução então?

Não existe solução mágica, mas uma coisa é certa: ainda que a divisão não seja aprovada o estado do Pará nunca mais será o mesmo. O povo do interior não suporta mais tanto desprezo e abandono. Precisamos rever esse modelo de desenvolvimento, precisamos acabar com a Lei Kandir e estancar a corrupção. Precisamos de governos comprometidos com a causa do povo e de mecanismo de controle desses governos que estejam assentados na verdadeira participação popular. A verdade é que não precisamos de mais políticos (como alegam os separatistas) mas, de políticos melhores.


Texto produzido pelo PSOL/Pará.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

LEI n.º 934/2004 DE 30 DE NOVEMBRO DE 2004*

DISPÕE SOBRE A PRESERVAÇÃO DAS PALMEIRAS DE BABAÇU NO MUNICÍPIO DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA, ESTADO DO PARÁ, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

A Câmara Municipal de São Domingos do Araguaia aprovou, e o Prefeito Municipal sanciona a seguinte Lei:

Art. 1.º - As palmeiras de coco babaçu nativas, existentes no município de São Domingos do Araguaia, Estado do Pará, são de uso comum das quebradeiras de coco babaçu e suas famílias, em face da relevância ambiental e social, que as exploram em regime de economia familiar e comunitária, ficando garantido o acesso destas ao coco babaçu que deve ser efetivado conforme entendimento entre as quebradeiras de coco e fazendeiros.

Parágrafo Primeiro – Somente serão retirados os cocos babaçu que se encontrarem no chão, ficando proibida a quebra do coco ou a abertura de buracos nas propriedades alheias, bem como proibida a retirada de quaisquer outros frutos, sementes, mudas, flores e demais objetos da propriedade rural.

Parágrafo Segundo – As quebradeiras de coco babaçu não causarão quaisquer prejuízos aos proprietários das Fazendas, Chácaras e sítios; mas havendo tal situação, deve ser comunicada as Secretarias Municipais de Meio Ambiente e Agricultura, sem prejuízo de ações judiciais competentes.

Art. 2.º - No município de São Domingos do Araguaia é proibida a realização de qualquer ato que venha causar danos diretos ou indiretos as palmeiras nativas de babaçu jovens e adultas, tais como derrubada, corte de cacho, queimada sem controle, uso de agrotóxico e defensivos agrícolas, extração de palmito, cultivo de plantações que tragam algum prejuízo ao desenvolvimento ou sobrevivência da palmeira, ou quaisquer outras ações danosas, salvo quando houver autorização por órgão competente.

Art. 3.º - Serão permitidos os trabalhos de raleamento, desde que se mantenha uma densidade de no mínimo 60 (sessenta) palmeiras adultas e 60 (sessenta) palmeiras jovens (capoteiras ou pindobas) em cada hectare desmatado, distribuídas de forma a evitar a concentração de palmeiras na área, sem prejuízo da manutenção da área de reserva legal prevista pela Lei 4.771/65 (Código Florestal) e demais normas reguladoras do tema.

Parágrafo 1.º - Para fins de raleamento serão derrubadas preferencialmente as palmeiras nativas improdutivas.

Parágrafo 2.º - Os trabalhos de raleamento deverão ser comunicados com antecedência mínima de 15 (quinze) dias a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, devendo o trabalho ser acompanhado pelas Secretarias Municipais de Meio Ambiente e Agricultura, além de entidades representativas da classe dos trabalhadores rurais do município e das quebradeiras de coco babaçu.

Art. 4.º - Fica proibida, no município de São Domingos do Araguaia, Estado do Pará, a venda em massa do coco inteiro, salvo aqueles cocos que não tiveram utilização para extração de amêndoas ou outro produto decorrentes destes.
Art. 5.º - As infrações pelo não cumprimento desta Lei, sujeitará o infrator as seguintes sanções:

I – Advertência, nos casos de pequeno potencial ofensivo ao Meio Ambiente;

II – Multa, que deverá ser arbitrada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, e recolhida em agência bancária em favor da Prefeitura Municipal, no valor de 1 a 10 salários mínimos, conforme a gravidade do dano causado, independente do ressarcimento dos danos causados e das sanções penais aplicáveis ao caso e;

III – Multa dobrada, caso infrator seja reincidente.

Art. 6.º - As entidades representativas dos trabalhadores rurais e das quebradeiras de coco babaçu tem assegurado o acesso as informações sobre as aplicações de multas e advertências.

Art. 7.º - A orientação a comunidade e fiscalização do disposto nesta Lei caberá às Secretarias Municipais de Meio Ambiente e Agricultura, acompanhadas pelas entidades supramencionadas.

Art. 8.º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.

GABINETE DO PREFEITO MUNICIPAL DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA, EM 30 DE NOVEMBRO DE 2.004.

_____________________________
Francisco Edison Coelho Frota
Prefeito Municipal

* Esta é a adaptação de uma Lei municipal e foi digitada da mesma forma que o original, inclusive com os erros de ortografia.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

PESQUISA SOBRE TRABALHO POR PROJETO

Valtey Martins de Souza

O trabalho por projeto de pesquisa que eu analisei foi a Análise Socioambiental da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria Correa Dantas em São Domingos do Araguaia – PA. Trata-se de uma pesquisa ação realizada por Valtey Martins de Souza, Renato Noronha Martins e Luíz de Oliveira Silva, que tinha como objetivos principais o desvelamento das atitudes desenvolvidas nesse ambiente de trabalho, que sejam pro socioambiental ou anti socioambiental. Para alcançar esses objetivos as estratégias de análises foram verificar as características do espaço da escola nos planos geral e específico; o contexto desse espaço; os atores, suas funções sociais e intervenções; as dinâmicas, as interações e interrelações estabelecidas inter e entre; os projetos explícitos e implícitos; o resultado socioambiental, tensões e distensões ao ambiente em suas dimensões físicas, biológicas e social (e psico); e as expectativas para com o ambiente convivido.
Os professores envolvidos na pesquisa detectaram que os fatores que pesavam contra o ambiente eram: i) acúmulo de lixo (madeira, plástico, metal e papel); ii) falta de lixeiras dentro e fora das salas; iii) falta de vegetação de médio porte que sirva de barreira contra a entrada de água das chuvas nas salas de aula; iv) falta de vegetação rasteira que dificulte a retirada de sedimentos pelo escoamento superficial no solo; v) jardins insuficientes para reterem o escoamento superficial; vi) desperdício de energia elétrica com o uso excessivo de ventiladores e lâmpadas; vii) desperdício de água (vazamentos nas torneiras e encanamentos); viii) água empoçada nas imediações e dentro da escola, servindo assim, de criadouro de larvas de mosquitos.
No projeto desses professores, que são de áreas do conhecimento distintas, os dois primeiros são licenciados em Geografia e, o último, em Ciências Sociais com ênfase em Sociologia, verifiquei assuntos e conceitos ligados aos componentes curriculares dessas duas disciplinas e de outras como Biologia e Matemática, por exemplo.
Desse modo, para que os alunos, professores, serventes, vigias, direção e outros componentes da comunidade escolar se sentissem como parte integrante do projeto, os autores resolveram utilizar o conceito de lugar, com base fenomenológica, pois destaca os significados e valores que os homens atribuem ao espaço. No entendimento de Lencioni (1999), o pesquisador deve se comprometer com o que analisa, fazendo parte da pesquisa, para desse modo, exercer uma observação participante. Quando essa autora fala de investigação geográfica, aponta que a pesquisa deve incorporar os aspectos estéticos e simbólicos, bem como os valores e as intenções na análise da construção social do lugar. Assim, a autora em voga entende que esse modelo de investigação incorporou e salientou a dimensão dos valores sociais e culturais, bem como a valorização da história e do mundo vivido. Para ela, a referência passou a ser o espaço vivido, aquele que é edificado socialmente a partir da percepção das pessoas, interpretado pelos indivíduos e revelador das práticas sociais.
Nesse cenário, os articulistas do mencionado projeto para desenvolver a ação de revegetação do espaço escolar, necessitavam acabar ou diminuir o número de formigas saúvas que até então, dificultavam tal ação. A solução foi recorrer aos conhecimentos de Biologia e Matemática, onde o primeiro passo foi pesquisar na internet uma medida que não afetasse o meio ambiente. Descobriram uma solução a base de álcool 70%, glicerina, água e os corpos das próprias formigas maceradas. Essa solução além de não contaminar o meio ambiente, iria expulsar as formigas do espaço da escola. Assim, os conhecimentos de Matemática, como quantidade de álcool, glicerina, água e corpos de formigas seriam necessários para impactar todos os formigueiros da área escolar, foram utilizados por professores e alunos envolvidos no mencionado plano. Quanto aos conhecimentos de Biologia, posso citar a produção da solução e a restauração ecológica da área afetada, por exemplo.
Nessa conjuntura, o projeto dos aludidos professores, contou com a participação de alunos das turmas: 1º anos A, B, C, e D, 2º ano B (turno da tarde) e 1º anos A, B e C, 2º anos A e B e 3º ano A (turno da manhã). Além do mais, envolveu professores de outras áreas do conhecimento e toda a comunidade escolar, seja na fiscalização do desperdício de energia e água, ou na conscientização do alunado no que se refere à produção e disseminação do lixo no ambiente escolar e adjacência.
Assim sendo, no que se refere ao uso de tecnologias e mídias utilizadas, averiguei que os alunos e pesquisadores em baila fizeram uso dos recursos dos laboratórios de informática e de ciências biológicas. Do primeiro, usaram os computadores ligados à rede mundial de computadores para encontrarem a solução para os problemas das formigas e do lixo. No segundo, produziram a solução que combateria as formigas sem afetar o solo, subsolo ou mesmo as águas subterrâneas.
Nessa perspectiva, o aventado projeto de pesquisa ação não apresentava um prazo predeterminado para se encerrar, pois os envolvidos entendem que as ações devam ser contínuas, notadamente porque do mesmo modo que cuidamos do ambiente de moradia, devemos cuidar do ambiente de trabalho e estudos. Notei que aqui, eles utilizaram de forma implícita, o conceito de lugar aventado no inicio desse texto.
Nesses termos, os pesquisadores encontraram empecilhos e colaboração na pesquisa ação, principalmente nas ações que visavam debelar o desperdício de energia elétrica e água. Parte do alunado passou a participar desligando torneiras e lâmpadas quando não se fazia necessário seu uso. Porém, ouviram comentários de outros, que a água e a energia não eram pagas por eles e nem pela escola, portanto, poderia ocorrer o desperdício. Para eles fazia sentido desperdiçar, pois na base de suas crenças, os recursos como a água e a energia elétrica poderiam ser utilizados indefinidamente sem que ocorresse nenhum problema. Na visão deles esses recursos são infindáveis.
Visto dessa forma, alguns alunos partiram para o enfrentamento, deixando luzes ligadas quando não era mais necessário e deixando torneiras dos bebedouros abertas para derramar a água. Assim, para minorar esses problemas tiveram que intensificar as palestras de conscientização juntamente com medidas repressoras.
Nesse contexto, notaram que ouve um enfrentamento de crenças opostas, onde aquela que defendiam apoiava o não desperdício dos recursos citados, e, a crença dos alunos “rebeldes”, defendia a ideia contrária a dos pesquisadores. Esse enfrentamento produziu frutos como a diminuição no desperdício de energia elétrica e água, além da diminuição na produção de lixo e da maior conscientização de toda a comunidade escolar.

REFERÊNCIAS
LENCIONI, Sandra. Região e geografia. São Paulo: Edusp, 1999.
SOUZA, V. M de; MARTINS, R. N; SILVA, L. de O. SENTIDOS E SIGNIFICADOS CONCEITUAIS EM MUTAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Pesquisa ação na Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria Correa Dantas. Disponível em: http://professorvaltey.blogspot.com. Acessado em: 27/09/2011.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Crônicas sobre o Separatismo (Parte 1): A Polêmica do Separatismo e a Questão da Gestão de Políticas

Eduardo José Monteiro da Costa

Nos últimos meses a polêmica sobre a questão do separatismo tem estado presente quase que diariamente na mídia. Muitos aproveitam o embalo das discussões para angariar a sua projeção pessoal em véspera de ano eleitoral. Certamente ser contra ou favorável ao separatismo será uma bandeira que veremos levantada por vários candidatos na próxima eleição. Contudo, percebe-se, por parte de alguns de seus defensores, a inexistência de estudos mais detalhados que apontem para a viabilidade destes novos Estados, e se realmente o desmembramento irá representar ou não o efetivo desenvolvimento destas regiões.
Sempre digo quando sou indagado que se tamanho fosse sinônimo de desenvolvimento o estado de Sergipe seria o mais desenvolvido do país. Há alguns anos fui convidado para fazer uma consultoria na região do Alto Sertão Sergipano, que fica no limite com os estados de Pernambuco e Bahia e que dista da capital, Aracajú, apenas 2 horas de carro. Curiosamente, a queixa da população daquela região é muito parecida com a população residente nas regiões paraenses que almejam emancipação, principalmente a ausência do Estado e a falta de políticas públicas adequadas.
Sobre isto, duas questões merecem ser levantadas.
Em primeiro lugar, o desmembramento, como anteriormente dito, por si só não representa garantia de desenvolvimento. O principal problema, no meu ponto de vista, não é o tamanho do Pará, mas a inexistência de uma estrutura burocrática adequada para se fazer gestão de políticas públicas. Por mais que até haja uma filosofia de descentralização da gestão, esta filosofia deve ter respaldo na arquitetura técnica-burocrática. Quem estuda gestão pública entende que para cada filosofia de gestão há uma estrutura burocrática adequada. Descentralização implica na superação do já ultrapassado modelo setorial, para a gestão territorializada das políticas. Implica em trazer a população para mais próximo do Estado, não somente na escolha das obras ou programas, mas principalmente através do controle social e da transparência de que as ações do governo têm um objetivo mais amplo. Uma visão de futuro!
Neste sentido, estou convencido de que é questão sine qua non a realização de uma ampla reforma administrativa na burocracia do Governo do Estado. Não uma reforma para acomodar interesses partidários ou para se abrir espaço para aliados políticos. Mas uma reforma capaz de modernizar a forma de se fazer gestão pública, trazendo o cidadão para mais próximo dos gestores, e conferindo às políticas e ações maior agilidade, eficiência e eficácia. O Estado hoje está “inchado”. Muitas estruturas estão superpostas e muitas delas são ineficientes. Racionalizando e adequando a gestão, e aqui não estou defendendo uma gestão por resultados, é possível diminuir o custeio, ampliar o volume de investimentos e trazer o cidadão para mais próximo dos gestores.
Aliado a isto está à segunda questão. Precisamos de um Projeto para o estado do Pará. Qual é o Pará que queremos? Que tipo de desenvolvimento queremos para o nosso estado?
O diagnóstico das características econômicas e entraves de nosso estado é claro. Não há discordância de que precisamos mudar radicalmente a sua base econômica, agregando valor e diversificando a produção. Mas do diagnóstico para uma posologia de intervenção eficaz a distância é muito longa. Implica em mexer com um conjunto de interesses das mais diversas estirpes. Finalizo com algo que aprendi com um professor meu na Unicamp. O desenvolvimento tem dois lados. Um lado é mais atraente, consiste em sonhar, planejar, construir, arquitetar. Mas, o desenvolvimento também é constituído por um lado que infelizmente muitos gestores não enfrentam como deveriam. Implica em combater, desconstruir, contrariar, principalmente os projetos de indivíduos ou de certos grupos que acabam sendo prejudiciais ao restante da população. A mensagem final é clara, precisamos de um Projeto para o Pará que subordine os interesses individuais e privados aos interesses da ampla maioria da população. Somente assim teremos um Pará desenvolvido e que tanto sonhamos.

Texto produzido por: Eduardo José Monteiro da Costa, Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp, Professor da UFPA e Presidente do Conselho Regional de Economia do Estado Pará (CORECON-PA). E-mail: ejmcosta@gmail.com
Disponível em: http://eduardojmcosta.blogspot.com/2011/08/cronicas-sobre-o-separatismo-parte-1.html . Acessado em: 26/08/2011.

TECNOLOGIA NA MINHA ESCOLA

Valtey Martins de Souza

Nesse texto irei falar sobre os tipos de tecnologias que a escola que eu trabalho disponibiliza para docentes e discentes, os tipos mais utilizados, em que tipo de atividade são utilizadas, as dificuldades para a utilização de novas tecnologias e o que é preciso se fazer para que as tecnologias sejam de fato utilizadas no processo ensino aprendizagem.
Nesse cenário, após um breve levantamento no ambiente em que trabalho, desvelei que os tipos de tecnologias disponíveis nessa escola são: televisores e aparelhos de DVDs, computadores, projetores, vídeos, máquinas fotográficas, filmadoras, pen drives, HDs, cartões de memória, entre outros.
Dessa forma, nesse levantamento observei que as tecnologias mais utilizadas são: o uso de vídeos que são trabalhados pelos professores junto ao alunado, principalmente usando aparelhos de DVDs e computadores com projetores. Geralmente esses vídeos são apresentados por cerca de 10 professores, sendo que os outros docentes preferem utilizar preferencialmente a aula expositiva. Assim, verifiquei que aqueles que fazem uso das tecnologias acima citadas, o fazem porque necessitam adequarem suas práticas a novas realidades que se apresentam nesse mundo em constante transformação.
Nessa conjuntura, notei que essas tecnologias são utilizadas corriqueiramente nos afazeres pedagógicos desses professores, pois os mesmos notaram que o alunado as utiliza também em seus cotidianos. Esses professores notaram que a aula expositiva por si só não prende a atenção dos alunos e alunas, e nem contribuem decisivamente no processo ensino aprendizagem. Portanto, acharam que seria necessário trazer para o mencionado processo, novas tecnologias que facilitassem a construção do conhecimento, transformando assim, os educandos em sujeitos e não em objetos.
Desse modo, para que os alunos e alunas se tornem sujeitos desse saber, se faz necessário uma adoção de novos procedimentos didáticos que, no entendimento do professor José William Vesentini, não devem se pautar apenas ou essencialmente na aula expositiva, mas sim no estudo do meio (as chamadas aulas de campo), dinâmicas de grupo e trabalhos dirigidos, debates, uso de computadores (e redes) e outros recursos tecnológicos, preocupações com atividades interdisciplinares e com temas transversais.
Nessa perspectiva, observei que os entraves para o uso de novas tecnologias são principalmente o ranço tradicional que permeia o modelo de ensino adotado por parte dos professores locais. Sendo assim, esses professores acabam por encontrar muito mais dificuldades em contribuir para o processo ensino aprendizagem.
Portanto, penso que o procedimento que deve ser adotado para que a novas tecnologias passem a ser adotados por toda a comunidade escolar, deve ter por base o rompimento com o modelo tradicional de ensino, capacitando todos os envolvidos para que possam lidar com tais tecnologias. Sei que isso não é fácil de ser alcançado, no entanto, temos que tentar e não podemos perder a esperança, como pregava o professor Paulo Freire.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre a divisão do Estado... Por Amarílis Tupiassu (e agora?)‏

por Amarílis Tupiassu

Indigna já só a ideia de reduzir o Pará a Belém e Zona do Salgado.
Coisa de político-forasteiro mal-agradecido. O cara chega à casa alheia, que o acolhe com hospitalidade, e se revela um aproveitador. Entra, fuça a geladeira, abanca-se no melhor sofá, escancara as portas dos quartos, e a gente sabe:
é um folgado.
Chora, estremece por seu estado de nascença, enquanto explora e desdiz do Pará, de que só pensa em chupar tudo, até o Estado inteiro, se deixarmos.

O retalhador do estado (dos outros) chega e se espalha feito água.
Abanca-se, invade a cozinha, destampa, tem o desplante de meter o dedo na panela, antes do dono da casa, lambuza as mãos, lambe os dedos.
Como nós,os paraenses somos cordiais, ele confunde cordialidade com liberalidade.
Vem, vai ficando, mergulha de unhas e garras afiadas em terras e política.
Espalhado, o aproveitador, pronto, enriqueceu, encheu a pança.
Fez-se fazendeiro, político de muito papo (balofo), o cara de pau.
Alguns não dispensam trabalho escravo e agora dão de posar de redentores da miséria do Pará, como se só no Pará houvesse miséria.
E cadê? Ih, já nas altas cúpulas, armando discórdia, querendo porque querendo dividir o estado do Pará, disque porque é estado imenso e pobre, como se os mini-estados brasileiros fossem paradisíacos reinos de felicidade, nenhum faminto sem teto, nenhum drogado, saúde e escola nos trinques, nada de tráfico e exploração de menores. Balela de retalhador !

O retalhador (do estado alheio) tem no cérebro sinal de divisão. Só quer dividir, não seu estado, onde o espertalhão não conseguiu levantar a crista.
No Pará, não se contenta em ser fazendeirão, explorador de miseráveis.
Quero um estado pra mim, Assembléia Legislativa, rumas de assessores, Tribunal de Contas com obsceno auxílio-moradia, mesmo que eu tenha casa própria.

E o retalhador já quer governar o estado (dos outros), quer reino e magnífica corte própria, algo comum nestas terras brasílicas dominadas por quadrilhas de políticos cara de pau, porque os dignos, vergonha na cara, os que lutam a valer por um Brasil de união, ordem e progresso, estes raros
políticos dão uma de éticos e não põem a boca no trombone.

Não, o Pará não é casa de engorda e enriquecimento de esquartejador da terra dos outros. Mas o pior é que eles se juntam até a certos políticos paraenses, que, em vez de dizer não decisivo e absoluto à divisão, ficam em cima do muro. É que os muristas paraenses também não são flor que se
cheire. Incrível que políticos paraenses admitam o roubo oficial das ricas terras do Pará. Pendurados no muro, os muristas paraenses só pensam na engorda de seus vastos currais e não em defesa e união.

Sim, quem quer esfacelar o Pará? Deputados de longe que lambem os beiços por se apoderar do Marajó, do Tapajós, de Carajás. Risíveis os argumentos separatistas: A imensidão do Pará impede seu progresso. Nada! Papo de político! É vasta a miséria dos estados pequenos e do Brasil mal governado.
Dividir vem da omissão de políticos do Pará, eles em ânsias por suas lasquinhas. Separatista daqui e de fora quer é feudo, castelo, mais poder.

O mapa do Pará lembra um buldogue. Ele precisa de brio, amor-próprio, rosnar, se quiserem reduzi-lo em retalho. O Pará quer paz e união. Vamos calar os esquartejadores que boiam, do fracasso em seus estados, ao sonho de esfacelar o Pará. Vamos dizer não a mais essa mutreta de político
espertalhão.

Transcrito do Caderno Mulher de 'O liberal' - 13/12/09

quinta-feira, 28 de julho de 2011

ATIVIDADES ECONÔMICAS E GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA NO MUNICÍPIO DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA-PA

Valtey Martins de Souza

1. Breve histórico

Ao nos debruçarmos sobre Velho, citado por Souza (2007), entendemos que as primeiras atividades econômicas desenvolvidas no território em que hoje se localiza o município de São Domingos do Araguaia (doravante chamado apenas de São Domingos), eram basicamente predatórias. O autor mencionado acima nos dá indícios de que antes da fundação da vila que viria a ser a referida cidade, era extraído o caucho, em um primeiro momento, e a castanha-do-pará (Bertholettia Excelsa), depois.
Nesse período (início do século XX até o final da década de 1960), prevalecia um padrão de organização do espaço, onde o rio era a principal via de acesso às florestas e às cidades. As cidades e vilas de maior importância se localizavam, na sua maioria, próximas ao rio. Os recursos explorados, geralmente eram extraídos da floresta, como a castanha, por exemplo. Como as cidades e vilas de maior importância se localizavam na várzea, o autor citado acima passa a chamá-las de beira, sendo entendida como civilização ou o lugar onde se situam os aglomerados maiores e mais antigos. Os locais longe da beira eram entendidos como centro.
No período em questão, os rios prevaleciam sobre as estradas na região mencionada, pois o fluxo maior de pessoas e bens era feito pelos tempos lentos dos rios. As distâncias eram medidas através da utilização de medidas de tempo, como horas, dias, semanas, etc. As pequenas estradas da época eram utilizadas de forma complementar, e não como principal via de acesso às localidades.
Assim, segundo o autor citado anteriormente, com a vinda de novos migrantes, principalmente do Estado do Maranhão, a pequena vila cresceu e em 1961 já contava com 90 casas, o que devia corresponder a uma população de cerca de 500 pessoas. Nesse período, predominavam os pequenos roçados e as atividades extrativas, como a caça e a coleta de frutos na floresta. Os roçados, na maioria das vezes, eram trabalhados por ocasião da entressafra da castanha-do-pará. A madeira também era extraída nessa época, porém, somente para a construção de casas e pequenos móveis, sem passar por um processo de industrialização.
Nessas condições, Souza (2007), indica que a construção da estrada ligando Apinagés a São Domingos possibilitou um aumento no movimento comercial, pois, os lavradores concentravam a produção que traziam em lombo de burro, nessa segunda vila. Assim, além do aumento no fluxo de mercadorias, ocorre também, o crescimento do centro, que agora é beira ao mesmo tempo. Somente com a abertura da estrada Transamazônica (BR – 230), na década de 1970, é que se muda o padrão de organização do espaço, onde as cidades da beira da estrada passam a ter uma maior relevância em relação aquelas que se situam nas margens dos rios.
Dessa forma, com a mencionada abertura de estradas, abre-se a possibilidade de uma maior migração e, por conseqüência, a entrada na região, de novos modelos produtivos, como a atividade madeireira e a pecuária extensiva, por exemplo. Desse modo, a primeira permanece como hegemônica até o início do século XXI (2003), quando a matéria-prima se esgota, causando assim, um colapso na geração de emprego e renda no município de São Domingos.
Com a crise na atividade madeireira local, a pecuária extensiva que já havia ganhado certa importância, assume de vez a qualidade de principal atividade geradora de emprego e renda no mencionado município. A pecuária São-dominguense cresceu muito a partir daí, principalmente no que se refere à produção de bovinos. A produção entre os anos de 1994 e 2003 sofreu um aumento de 108,75%, segundo a SEPOF (2005). No ano de 1994 o rebanho era composto de 40.000 animais, passando para 87.000 em 2003* . Desse último número de animais, 18.500 são vacas ordenhadas, que produziram um total de 1.465.000 litros de leite** .

2. A produção da pecuária e a geração de postos de trabalhos

Essa produção tem aumentado gradativamente, como confirmam os dados estatísticos do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística*** . No ano de 2007, a quantidade de bovinos subiu para 115.000 cabeças, sendo que deste total, 25.300 são de vacas ordenhadas que produziram 12,6 milhões de litros de leite. Segundo esse mesmo instituto, a pecuária do aventado município possuía neste mesmo ano, 710 eqüinos, 900 muares, 250 asininos, 2.800 suínos, 750 caprinos, 10.000 galinhas e 15.000 galos, frangas, frangos e pintos.
Nessas condições, acredita-se que a pecuária**** pode ter se tornado a principal atividade econômica do município na atualidade, pois, parece está gerado mais emprego e renda que as demais atividades. Os postos de trabalho estão se originando em todo o circuito espacial da produção ligado à pecuária, na criação do gado (leiteiro e de corte), no transporte de leite e gado, no processamento e na venda da carne e leite. Na criação de gado são gerados postos de trabalhos na produção e manutenção das pastagens e na lida com os animais. Os empregos gerados no transporte de leite e gado são ocupados por pessoas conhecidas como atravessadores, que fazem a ligação entre o produtor e o consumidor. No processamento e venda de leite e carne, são gerados empregos em açougues e laticínios, principalmente na área urbana do ventilado município.

3. Notas conclusivas

Nesse sentido, verifica-se que os postos de trabalhos não são gerados somente pela atividade pecuária, mas mesmo assim, ela figura como a principal atividade, pois, de certa forma acaba gerando empregos e renda de forma direta e indireta de fundamental importância para o crescimento econômico do município em questão. Ultimamente têm se verificado que a prestação de serviços, tanto aquela realizada por funcionários públicos municipais, quanto a que inclui os funcionários públicos estaduais, se destaca na geração de postos de trabalhos.
Além do exposto acima, o que se verificou empiricamente através de uma rápida pesquisa de campo, foi que os maiores estabelecimentos comerciais (aqueles que empregam mais de três funcionários) são responsáveis por um número considerável de postos de trabalhos. Assim, no meu entendimento, a atividade comerciária, a pecuária e a prestação de serviços são as principais atividades econômicas do município de São Domingos do Araguaia na época presente.

4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRASIL. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em . Acesso em 23 de março de 2009.
DIAS, Raimundo Nonato Souza. A agropecuária e a expansão para a Amazônia: sua prática em São Domingos do Araguaia-Pa. São Domingos do Araguaia: mimeo, 2006.
PARÁ. Secretaria Executiva de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças - SEPOF. Estatística Municipal: São Domingos do Araguaia. 2008. Disponível em . Acessado em 25/02/2009.
SOUZA, Valtey Martins. As primeiras atividades econômicas e a atividade madeireira em São Domingos do Araguaia-Pa. São Domingos do Araguaia: mimeo, 2007.
VELHO, Otávio Guilherme. Frentes de expansão e estrutura agrária: Estudo do processo de penetração numa área da Transamazônica. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

*Segundo dados da Agencia de Defesa Agropecuária do Estado do Pará, ADEPARA (2006), no início do ano de 2006, o município contava com 965 produtores de bovinos, sendo que os mesmo produziam em conjunto, um total de 180.095 animais. Nesse número estão incluídos os animais machos e fêmeas com idade variando entre quatro meses até acima de 36 meses.

**De acordo com dados fornecidos pelo Escritório Local da EMATER em São Domingos do Araguaia à Dias (2006), no ano de 2005 existiam 450 proprietários produzindo leite, sendo que 4 empresas de laticínios beneficiavam esse produto que era transportado por 15 intermediários.

***Segundo esse instituto, no ano de 2006, o mencionado município possuía 1009 estabelecimentos com pastagens naturais, perfazendo um total de 50.759 hectares. Estes estabelecimentos ocupavam 2.553 pessoas.

****No entendimento da SEPOF – Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças – o número de estabelecimentos com vínculos empregatícios no ano de 2006 eram 51. No entanto, outras atividades também geraram postos de serviços, sendo que 11 deles eram estabelecimentos comerciais (gerando 73 empregos), 4 do setor de serviços (gerando 6 empregos), 2 da administração pública (com 719 postos de trabalho) e 32 da agropecuária (empregando 70 pessoas).

sábado, 16 de julho de 2011

SENTIDOS E SIGNIFICADOS CONCEITUAIS EM MUTAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Pesquisa ação na Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria Correa Dantas*

Valtey Martins de Souza
Renato Noronha Martins
Luiz de Oliveira Silva



Nesse texto iremos descrever uma pesquisa ação realizada na Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria Correa Dantas, em São Domingos do Araguaia, Pará. Nessa descrição nos deteremos com mais profundidade nas ações que visavam frear o desperdício de água e energia elétrica e na fabricação de um formicida ecológico.
Além disso, faremos uma análise das ações citadas, sobretudo, no que tange a ação das pessoas envolvidas. Assim, estruturamos o texto numa parte introdutória, na descrição da pesquisa ação e nas notas conclusivas.

2. DESCRIÇÃO DA PESQUISA AÇÃO

Na disciplina Atividades Programadas para o Estudo da Teoria e da Prática da Educação Ambiental, do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, do Núcleo de Educação Ambiental da UFPA, Campus Sul e Sudeste do Pará, Marabá, elaboramos um trabalho que tinha como foco principal, fazer uma análise socioambiental da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria Correa Dantas, na cidade de São Domingos do Araguaia, Pará. Assim, os objetivos principais dessa pesquisa giraram em torno do desvelamento das atitudes desenvolvidas nesse ambiente de trabalho, quer sejam pro socioambiental ou anti socioambiental. Para alcançar esses objetivos as estratégias de análises foram verificar as características do espaço da escola nos planos geral e específico; o contexto desse espaço; os atores, suas funções sociais e intervenções; as dinâmicas, as interações e interrelações estabelecidas inter e entre; os projetos explícitos e implícitos; o resultado socioambiental, tensões e distensões ao ambiente em suas dimensões físicas, biológicas e social (e psico); e as expectativas para com o ambiente convivido.
Dessa maneira, estruturamos trabalho, em um primeiro momento, em uma parte teórica, que discutia o modelo de pesquisa adotado pelo grupo e o conceito de lugar que mais se adequava a mencionada pesquisa. Na segunda parte do trabalho, elencamos as características da mencionada escola e falamos dos atores e seus respectivos papéis no processo educacional. Na terceira parte, relatamos as intervenções que realizamos no nosso ambiente de trabalho e, as intervenções que ainda estão em andamento, ou seja, que não foram concluídas. Na última parte, fizemos nossas conclusões e apontamos possíveis melhorias no nosso objeto de pesquisa.
Desse modo, a pesquisa mostrou que os fatores que pesavam contra o ambiente escolar eram: i) acúmulo de lixo (madeira, plástico, metal e papel); ii) falta de lixeiras dentro e fora das salas; iii) falta de vegetação de médio porte que servissem de barreira contra a entrada de água das chuvas nas salas de aula; iv) falta de vegetação rasteira que dificultasse a retirada de sedimentos pelo escoamento superficial no solo; v) jardins insuficientes para reterem o escoamento superficial; vi) desperdício de energia elétrica com o uso excessivo de ventiladores e lâmpadas; vii) desperdício de água (vazamentos nas torneiras e encanamentos); viii) água empoçada nas imediações e dentro da escola, servindo assim, de criadouro de larvas de mosquitos.

2.1 CONCEITOS RELACIONADOS À PESQUISA AÇÃO

No entanto, para levar a cabo todas essas ações que visavam melhorias para o ambiente escolar, necessitamos mobilizar professores, serventes, vigias, direção e várias pessoas da comunidade escolar. Notamos que para alguns essa atividade a favor do ambiente não era vista como fala Leontiev (2001), pois não mobilizava emocionalmente e corporalmente, parecendo não satisfazer suas necessidades vitais.
Para que isso ocorresse, em nossa opinião, seria necessário que as pessoas envolvidas se sentissem parte integrante de todo esse processo, que desenvolvessem laços de afetividade pelo lugar. Na percepção de Orr (2006), o conceito de lugar é nebuloso para os educadores, porque nós, em grande parte, consistimos numa população destituída de lugar, para a qual os lugares circundantes não são mais fonte de alimento, água, sustento, energia, materiais, amigos, recreação ou inspiração espiritual. Segundo ele o lugar deve ajudar a fortalecer o sentimento de enraizamento, de responsabilidade e pertencimento.
Nessa mesma linha de raciocínio, Sampaio (2005), entende que no dia-a-dia a palavra lugar é uma casa, uma rua, uma cidade ou qualquer outro local identificado por um nome. No entendimento desse autor, o ponto de partida para a compreensão da realidade é o entendimento do lugar, pois é nele que construímos as referências que nos auxiliam quando comparamos as semelhanças e diferenças entre ele e outros lugares do planeta. Ou seja, o entendimento do lugar nos ajuda a construir a “visão” que temos de mundo.
Na percepção de Sampaio (2005):

O lugar que reconhecemos como nosso reúne nossos amigos, familiares, formas, cores e sons bem conhecidos. Ali nos sentimos bem, sentimo-nos em casa. É onde começamos a enxergar e a entender o mundo. Mantemos uma relação de afetividade com os nossos lugares e, quando estamos distantes, sentimos saudades, pois eles fazem parte da nossa vida (p. 11).

3. EXPLICITAÇÕES E ESTRATÉGIAS; CRENÇAS EM ENFRENTAMENTO E CONCEITOS EM MUTAÇÃO

Nesses termos, encontramos empecilhos e colaboração na pesquisa ação, principalmente nas ações que visavam debelar o desperdício de energia elétrica e água. Parte do alunado passou a participar desligando torneiras e lâmpadas quando não se fazia necessário seu uso. Porém, ouvimos comentários de outros, que a água e a energia não eram pagas por eles e nem pela escola, portanto, poderia ocorrer o desperdício. Para eles fazia sentido desperdiçar, pois na base de suas crenças, os recursos como a água e a energia elétrica poderiam ser utilizados indefinidamente sem que ocorresse nenhum problema. Na visão deles esses recursos são infindáveis.
Visto dessa forma, alguns alunos partiram para o enfrentamento, deixando luzes ligadas quando não era mais necessário e deixando torneiras dos bebedouros abertas para derramar a água. Assim, para minorar esses problemas tivemos que intensificar as palestras de conscientização juntamente com medidas repressoras.
Nesse contexto, notamos que ouve um enfrentamento de crenças opostas, onde aquela que defendemos apoia o não desperdício dos recursos citados, e, a crença dos alunos “rebeldes”, defende a ideia contrária a nossa.
Nesse cenário, acreditamos que tenha havido um aprendizado nos moldes que prega Vigotski (2000), que diz que o mesmo se dá pela criação de estratégias (articulação de ações) na direção da atividade, pela qual os sujeitos mobilizam todo o conhecimento disponível (pessoal e coletivo, interno e externo). Esse aprendizado ocorreu, principalmente quando desenvolvemos uma ação que tinha como objetivo diminuir ou acabar com as formigas saúvas que impediam a revegetação do ambiente escolar.
Nesse caso, não poderíamos fazer uso de formicidas comuns, pois acabaríamos poluindo o solo e as águas subterrâneas. No entanto, parte das pessoas envolvidas, como os vigias, por exemplo, advogavam o uso de um pesticida comumente encontrado nos comércios especializados, chamado Mirex. Para eles fazia sentido (entendido aqui como parte do que determinada comunidade acredita) o uso de tal pesticida.
Assim sendo, resolvemos pesquisar e acabamos por descobrir que o significado de formicida também é mutável. Antes significava, a “grosso modo”, veneno para eliminar formigas e, uma de suas desvantagens era a contaminação do solo e subsolo, incluindo a água subterrânea. Agora pode ser entendido como um medicamento que afeta exclusivamente as formigas, deixando o ambiente sem maiores problemas, como a contaminação, por exemplo.
Nessa conjuntura, através da pesquisa descobrimos que para alcançar sucesso nessa empreitada, precisávamos fabricar um formicida ecológico que, segundo o Panorama Brasil (2002), precisa seguir os seguintes passos: para fazer o medicamento basta macerar algumas formigas juntamente com partes iguais de álcool a 70%, glicerina e água. Quanto mais diluído o produto, mais efetivo ele se torna. Desse jeito, já conseguimos diminuir bastante o número dessas formigas e dentro de mais alguns dias, já poderemos iniciar a aventada revegetação.

4. NOTAS CONCLUSIVAS

Nesse texto abordamos uma pesquisa ação que realizamos na Escola Estadual de Ensino Médio Professora Elza Maria Correa Dantas, em São Domingos do Araguaia, Pará. Realizamos uma descrição da pesquisa e uma análise dos resultados alcançados.
Assim, para alcançar os resultados esperados, desenvolvemos uma atividade em que tivemos de nos mobilizarmos emocionalmente e corporalmente. Desse modo, criamos estratégias na direção da atividade, onde os sujeitos envolvidos mobilizaram o conhecimento disponível pessoal e coletivo, interno e externo, ocorrendo à aprendizagem.
Portanto, para que isso fosse possível alguns significados e conceitos tiveram que ser modificados, pois na nossa compreensão, eles são mutáveis no tempo e no espaço, entre grupos sociais diferentes e até mesmo similares.

5. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA


LENCIONI, Sandra. Região e geografia. São Paulo: Edusp, 1999.

LEONTIEV, Alexis N. Os princípios Psicológicos da Brincadeira Pré-escolar. In: VIGOTSKII, L. S; LURIA, A. R; LEONTIEV, Alex N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 7 ed. Tradução Maria da Penha Villalobos. – São Paulo: Ícone, 2001. (Coleção educação crítica).

ORR, David W. Lugar e Pedagogia. In: STONE, Michael K. e BARLOW, Zenobia. (orgs). Alfabetização Ecológica: A educação das crianças para um mundo sustentável. Prefácio Fritjof Capra; Prefácio à edição brasileira Mirian Duailibi; Tradução Carmen Fisher. São Paulo: Cultriz, 2006.

PANORAMA BRASIL. Veneno ecológico vence luta contra formigas cortadeiras. Disponível em: . Acessado em: 23/03/2011.

SAMPAIO, Francisco Coelho. Redescobrindo o planeta azul: a Terra pede ajuda. 2 ed. 5ª série; ilustrações Adilson Farias, Luís Moura, Axel Sande.- Curitiba: Positivo, 2005. (Coleção geografia do século XXI).

VIGOTSKI, Lev S. 7.Pensamento e palavra. In: ______. A construção do pensamento e da linguagem. Tradução Paulo Bezerra. – São Paulo: Martins Fontes, 2000. – (Psicologia e pedagogia).

* Adaptação de trabalho apresentado a Professora Hildete Pereira dos Anjos, da disciplina Teoria da Aprendizagem e Ensino, do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, do Núcleo de Educação Ambiental da UFPA, Campus Sul e Sudeste do Pará, Marabá, em julho de 2011.

EDUCADOR QUE TAMBÉM APRENDE

Na atualidade, início de um novo milênio, o mundo em que vivemos passa por constantes transformações e, educadores e educandos não ficam imunes a todo esse processo. Na mesma medida em que os valores da sociedade se transformam o conhecimento, que também faz parte desses valores, são alterados.
Dessa forma, a sociedade da qual fazemos parte se encontra inconclusa, necessitando assim, de um sistema educacional que dê conta de dar suporte para sujeitos inconclusos também.
Nesse cenário, me incluo no sistema educacional como um professor que não tem o domínio de todo o conhecimento, nem pretensão para isso. Porém, devo estar sempre aberto a novos saberes, para dessa forma, participar decisivamente do processo de formação de novos sujeitos, os educandos (me incluo entre eles, pois, acredito que na medida em que o professor ensina, aprende também).
Nesse sentido, acredito que acabo por despertar a curiosidade dos alunos, principalmente por me colocar como um deles, por procurar estar sempre aprendendo, enfim, por não comungar com ações ditas tradicionais, como só fazer uso da aula expositiva, por exemplo.
Assim, nessa de não fazer uso somente da aula expositiva, procura utilizar novas ferramentas educacionais como as tecnologias da informação. Desse modo, entendo que os recursos computacionais, a internet e outras mídias fazem parte de uma nova cultura que representam um novo modo de pensar o mundo.
Nesse caso, a minha prática de educador se pauta na interação com o alunado, onde esse intercâmbio depende da minha ação em ouvi-los. Dessa forma, acabo por aprender com eles e para eles.
Nessa linha de raciocínio, procuro interagir com os colegas, pois assim, os conhecimentos deles podem se tornarem úteis na minha lida diária. Esses conhecimentos dos colegas sejam eles professores ou não, às vezes me fazem mudar minha forma de ensinar. Essa mudança ocorre também quando descubro uma nova mídia ou quando passo a ter acesso a tecnologias que os alunos, muitas das vezes, já dominam. Além disso, me sinto mais confortável quando mudo minha forma de ensinar, pois noto que isso prende mais a atenção dos alunos, provocando assim, uma maior interação entre nós e um maior aprendizado de ambas as partes.

AVALIAÇÃO DO APRENDIZADO DA DISCIPLINA TEORIA E PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA*

Nesse texto irei discorrer sobre o aprendizado da disciplina Teoria e Prática da Educação Ambiental Crítica, onde os conceitos que mais marcaram o aprendizado foram utopia, ambientalismo, modernidade líquida, pedagogia da complexidade e interpretar.
Essa disciplina do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, nos levaram a uma série de reflexões acerca de utopias que temos a respeito do ambientalismo que queremos e praticamos. No meu entendimento, o termo utopia se referia, “grosso modo”, a sonhos inalcançáveis, a realidades distantes, a algo que poderíamos imaginar em ter, mas nunca possuir. No entanto, na primeira aula, logo no início da manhã, o professor nos fez vislumbrar outra possibilidade de ver o termo em questão, a partir de agora, utopia passa a ser entendida como para onde nos queremos caminhar.
Nessas condições, faço uma análise de que o termo citado acima era visto como eu falei primeiramente, especialmente devido a vivermos em uma sociedade em que prevalecem os valores que privilegiam as relações capitalistas de produção, em detrimento de relações que humanizem as relações entre os seres componentes do tecido social. Na minha interpretação, a sociedade humana passa por um processo de transformação que na percepção de Bauman citado por Oliveira, pode ser sintetizada nos seguintes processos: a transformação do cidadão, sujeito de direitos, em indivíduo a procura de afirmação no espaço social; a transição de estruturas de solidariedade grupal para as de disputa e competição; o abrandamento dos sistemas de proteção estatal às intempéries da vida, originando um constante ambiente de incertezas; a colocação de culpabilidade por casuais fracassos no plano individual; o final da perspectiva da idealização em longo prazo; e o divórcio e a iminente separação total entre poder e política. A esse momento por que passa a sociedade humana, o autor citado anteriormente chama de modernidade líquida.
Nesse cenário, a utopia que devemos perseguir deve ser aquela que busca trilhar os caminhos que transformem o cidadão em sujeito de direito, que as estruturas de solidariedade prevaleçam sobre as de competição e disputa, que os sistemas de proteção estatal às intempéries da vida se fortaleçam cada vez mais acabando com as incertezas, que os fracassos individuais passem a ser vistos como de uma coletividade, que a perspectiva da idealização em longo prazo não tenha fim, e, que poder e política não sejam vistas como coisas distintas, separadas.
Dessa forma, acredito que a educação ambiental crítica tem um papel de bastante relevância para desempenhar no processo de humanização dessa sociedade que vive a chamada modernidade líquida. Sei que isso não ocorre da noite para o dia, porém, precisamos aprender com a realidade atual e, penso que isso é possível se despirmo-nos dos preconceitos e teorias prontas. Nesses termos, concordo com o professor Marcos Sorrentino que desvela o conceito de pedagogia da complexidade. Para ele, esse modelo que pressupõe um aprendizado com a realidade é possível se exercitarmos um olhar pesquisador, indagador, curioso, aberto ao novo, sem perguntas prontas e acabadas, mas formulador de perguntas, atencioso, honesto, integro, dialógico.
Nessa conjuntura, acredito que os caminhos que a Educação Ambiental Crítica deva trilhar são difíceis e variados, no entanto, tal caminho nunca dever percorrido e permeado pelo olhar de apenas um campo do conhecimento. Assim, creio que esses campos dos conhecimentos devam travar uma conversa dialógica, pois cada um deles vê a EA crítica de forma diferente, cada um deles tem a capacidade de interpretar diferentemente esse modelo educativo. O significado de interpretar aqui é visto como Avanzi & Malagodi apregoam: “... seria procurar o sentido interno por detrás do que foi expresso e assim, projetar possíveis sentidos visando à compreensão (p.96).”
Nessa direção, para que a EA crítica seja uma das ferramentas de construção de valores conservacionistas do ambiente no qual estamos inseridos, precisamos formular ações transformadoras das realidades atuais. Para tanto, uma das várias diretrizes do processo educador devem se pautar na formação de coletivos educadores, na popularização das EA crítica em diferentes espaços educativos da sociedade, na garantia desse modelo educacional como política de Estado e da sociedade humana.
Enfim, concluo que somos seres inconclusos que vivem em um mundo em mutação, da mesma forma que o sistema educacional do qual a EA critica faz parte. Assim, afirmo que por estar em constante aprendizado, não consegui incorporar todo o conhecimento disponibilizado na disciplina Teoria e Prática da Educação Ambiental Crítica. Desse modo, me avalio como um aluno que necessita de mais leituras para fundamentar o meu discurso, sendo necessário um maior aprofundamento na temática da EA crítica.

REFERÊNCIAS

AVANZI, Maria Rita & Marco A. S. Malagodi. Comunidades interpretativas. (p.95-102).
OLIVEIRA, Dennis de. A utopia possível na sociedade líquida: o sociólogo afirma que é preciso acreditar no potencial humano para que um outro mundo seja possível. Entrevista: Zygmunt Bauman. In: Cult. n. 138. P. 14-18.
SORRENTINO, Marcos. Educação Ambiental e Pedagogia da Complexidade. In: Novatitude. (p.8).

* Adaptação de trabalho apresentado ao Professor Marcos Sorrentino, da disciplina Teoria e da Prática da Educação Ambiental Crítica, do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, do Núcleo de Educação Ambiental da UFPA, Campus Sul e Sudeste do Pará, Marabá, em julho de 2011.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

MEMÓRIAS QUE NÃO CONSEGUIRÃO MATAR

Cresci assistindo os noticiários de violência que acontecem no Estado do Pará. Movimento de Garimpeiros termina em chacina na Ponte Rodoferroviária de Marabá! Sem terras são massacrados na curva do S em Eldorado dos Carajás! Sindicalista é assassinado na porta de casa em Rondon do Pará! Família é executada em Morada Nova! Freira Americana é assassinada em Anapu!
Essas notícias passaram a fazer parte da cultura de impunidade que impera no Estado, e principalmente na região Sul e Sudeste. Recentemente, mais dois crimes aconteceram! Desta vez contra um casal de ambientalista que vivia e sobrevivia da floresta.
José Claúdio e Dona Maria trabalhavam normalmente em seu pedaço de terra sem agredir a natureza. Dela extraia e beneficiava a castanha do Pará, da andiroba, da copaíba, do cacau, do cupu... Extraiam da floresta os derivados e transformavam-os em cosméticos, remédios e alimentos que eram comercializados nos municípios da nossa região.
Mas também lutavam contra o desmatamento! Isso foi o que mais incomodou os carvoeiros e os madeireiros do município de Nova Ipixuna. Denunciaram o assédio que esses faziam no Projeto Agroextrativista Praia Alta Piranheira e por isso foram covardemente assassinados.
Estive participando de uma atividade da turma de Especialização em Educação Ambiental, nesse Projeto Agroextrativista e constatei o quanto esse casal era importante na luta em defesa das florestas. Na residência do casal tudo estava como eles deixaram!
As sementes na estufa, o boné do Conselho Nacional dos Produtores Extrativistas sobre a mesa, e o gato e um cachorro que visivelmente esperava na pura espera a chagada de Zé Claúdio e Dona Maria.
O gato ainda miou, como se estivesse perguntando pelos seus donos, agora o cachorro sequer levantou... Parece que já sabia que nunca mais veria os seus donos, por isso permanecia imobilizado e em estado de greve animal há exatamente um mês.
Dois meses antes, o professor José Pedro havia acertado com a Dona Maria na UFPA a nossa visita para conhecer essa experiência agroextrativista, mas por conta do período chuvoso a própria Dona Maria que era também aluna do curso de Pedagogia do Campo, sugeriu que esperássemos o verão chegar, pois as estradas não estavam conservadas.
Assim foi feito, chegamos à majestade (nome dado a uma árvore de estimação do casal) ansiosos para conhecer essa experiência agroextrativista, mas faltaram o Zé Claúdio e a Dona Maria para nos receber, assim como era de costume fazer com tantas outras turmas de estudantes e pesquisadores.
No local onde o casal foi assassinado, sobre o pé de uma imensa árvore, foi erguida uma pedra com uma das várias denúncias que o Zé Claudio e Dona Maria fizeram: “o que fizeram com o Chico Mendes no Acre e com a Irmã Dorath em Anapu, querem fazer também com a gente... E realmente eles fizeram!” Mataram no ano internacional das florestas quem defendiam as florestas, deixando um vazio no coração da Amazônia e dos ambientalistas que permanecem vivos, lutando para que as nossas florestas não virem carvão para alimentar a ganância dos capitalistas.

Fonte: texto elaborado por Raimundo Moura, 27 de junho de 2011.

terça-feira, 1 de março de 2011

O DESMATAMENTO DA VEGETAÇÃO CILIAR DO IGARAPÉ DO GUIDO PELO LOTEAMENTO CIDADE JARDIM*

VALTEY MARTINS DE SOUZA
RENATO NORONHA MARTINS
LUIZ DE OLIVEIRA SILVA
JOCILENE COSTA VANZELER
JANAINA JUSTINO DA SILVA

Nesse texto iremos tratar, de forma muito breve, sobre a construção do loteamento Cidade Jardim, do Grupo Leolar, que provocou o desmatamento da vegetação ciliar das margens do igarapé do Guido.
Nessa direção, o novo loteamento implantado às margens da rodovia Transamazônica, entre os quilômetros 8 e 12, no sentido Marabá São Domingos do Araguaia, acabou por provocar a retirada da vegetação ciliar do igarapé do Guido. Esse loteamento chamado de Cidade Jardim está sendo erigido na margem esquerda da mencionada rodovia, nesse caso, parece que foi pensado como solução para o crescimento urbano da cidade de Marabá.
Nesses termos, o loteamento é tido pelos atores que detêm o poder de decisão, como parte do desenvolvimento que chega a Marabá. Entretanto, não concordamos, pois pensamos que o crescimento econômico será prevalente e não beneficiará a todos, assim sendo, concordamos com Sen (2004 apud Jacobi, 2005), que ao resumir suas idéias sobre o desenvolvimento, o entende como as possibilidades que a cooperação e a solidariedade entre os membros da sociedade trazem ao transformar o crescimento econômico de destruidor das relações sociais em processo de formação de capital social ou em “desenvolvimento como liberdade”.
Desse modo, nos fazemos às seguintes questões: o que irá acontecer com o igarapé do Guido? O igarapé ficará poluído? Assoreado? E a população do entorno? Quais as conseqüências para ela? A vegetação ciliar irá se recuperar? Os animais silvestres irão perecer? O propalado desenvolvimento beneficiará a todos sem distinção?
Nesse contexto, pretendemos utilizar os conhecimentos disponibilizados por Sato & Santos (2003), principalmente a teoria crítica ou sócio-construtivista, para nos embasar nessa hipotética pesquisa-intervenção.
Assim, entendemos que os atores envolvidos nos problemas ambientais aqui destacados, são: o Grupo Leolar, futuros moradores do loteamento e pessoas que vivem no entorno do igarapé e fazem uso da água e de seus recursos, como peixes, animais silvestres, frutos e outros.
Dessa forma, elencamos hipóteses que visam propor possíveis soluções que possam solucionar ou minorar a problemática acima destacada. Pensamos que o igarapé do Guido será assoreado, portanto, o reflorestamento de suas margens pode ajudar a minimizar o dano ambiental. No entanto, isso não é de ser posto em prática, principalmente porque os atores hegemônicos (Grupo Leolar) acabam por impor seus ditames aos menos favorecidos (população do entorno).
Nessa conjuntura, o reflorestamento pode ser favorável à despoluição das águas do referido igarapé, porém, só isso não será suficiente. Acreditamos que a dragagem do leito do igarapé poderá contribuir enormemente para tal despoluição e para barrar o assoreamento.
Nesse cenário, a fauna e a flora aquática terão que ser reposta, pois assim, a população do entorno será beneficiada. Esse benefício pode ser traduzido em água sadia, peixes, animais e aquáticos que servem como complemento alimentar da população local.
Desse modo, se essas medidas não forem botadas em prática, os sujeitos locais menos favorecidos irão sofrer, a vegetação ciliar não irá se recuperar e os animais silvestres terrestres e aquáticos perecerão. Quanto ao desenvolvimento beneficiar a todos aos atores citados anteriormente, não nos parece ser possível que isso aconteça, pois onde se estabelecem as relações capitalistas de produção não há lugar para igualdade dentro do tecido social.
Nesse sentido, acreditamos que as ações que deveriam ser postas em prática na aludida área, precisariam ser aquelas que têm por base o ecodesenvolvimento ou desenvolvimento sustentável. Para Jacobi (2005), essa perspectiva propõe um desenvolvimento que harmoniza objetivos sociais, ambientais e econômicos.

BIBLIOGRAFIA PESQUISADA

JACOBI, P. Roberto. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. In: Educação e Pesquisa, v. 31, n. 2, p. 233-250. São Paulo: USP, maio/ago. 2005. Disponível em: . Acessado em: 12/01/2011.
SATO, Michèle; SANTOS, José Eduardo. Tendências nas pesquisas em educação ambiental. In: NOAL, F.; BARCELOS, V. (Orgs.). Educação ambiental e cidadania: cenários brasileiros. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003. p. 253-283.

*Adaptação de trabalho apresentado a Professora Marilena Loureiro da Silva, da disciplina Metodologia da Pesquisa em Educação Ambiental, do curso de Especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, do Núcleo de Educação Ambiental da UFPA, Campus Sul e Sudeste do Pará, Marabá em janeiro de 2011.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A PRODUÇÃO CARVOAJEIRA NO MUNICÍPIO DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA-PA

Valtey Martins de Souza

O presente texto trata, muito preliminarmente, do caminho trilhado por mim enquanto educador, da produção carvoajeira no município de São Domingos do Araguaia e de sua implicação socioambiental.
Nesses termos, começo falando de mim, sou professor de Geografia que atua no ensino fundamental e médio no município de São Domingos do Araguaia, Pará. Faço parte do quadro de funcionários públicos do estado desde o ano de 1988 e do município desde 1999. Cursei Geografia (licenciatura) entre os anos de 2000 e 2004, quando desenvolvi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), com o tema de investigação voltado para a atividade madeireira no município acima citado. Desse período para cá procurei voltar minha atenção para o trabalho em sala de aula, sem muita preocupação com a produção de trabalhos de pesquisas. A exceção foi a produção de artigos com base no TCC que foram publicados no site www.webartigos.com. A partir dessas publicações o interesse por pesquisas na área ambiental se intensificou, culminando no projeto de análise que visa desvendar o processo de carvoejamento no município de São Domingos do Araguaia e suas implicações socioambientais.
Minha curiosidade para trabalhar essa temática se aguçou devido a alguns alunos do ensino médio, principalmente, terem relatado trabalharem na produção de carvão vegetal para as siderúrgicas de Marabá. A partir desse ponto, passei a investigar como se dava a produção, quais as pessoas envolvidas, qual a renda e os empregos gerados e quais as transformações espaciais.
Desse modo, desvelei que a produção era feita tendo como base a floresta natural e o coco babaçu, onde o mesocarpo e a amêndoa não tinha aproveitamento. Portanto, danos ambientais foram causados, pois, se parte da floresta natural foi retirada de maneira predatória e os babaçuais não estão sendo utilizados de forma mais racional (aproveitando toda a potencialidade do fruto), isso pode se reverter, a médio e longo prazo, em mal estar à comunidade, que sofrerá pela falta ou o rareamento de espécimes vegetais e animais de uso comum.
Dessa forma, notei que a produção se dá através do uso de recursos naturais que são comprados de terceiros, como parcelas de florestas que são derrubadas para o plantio de roças ou pela aquisição de enormes quantidades de sacas de coco babaçu a R$ 1,00 cada. Após a compra da matéria-prima a produção de carvão acontece em fornos feitos com tijolos e cimento (rabo quente) e em tambores metálicos.
Nesse contexto, verifiquei que as pessoas envolvidas nessa produção são, principalmente, fazendeiros que contratam pequenos lavradores ou pessoas desempregadas e juquireiros para produzirem o carvão vegetal. Os pequenos lavradores fazem uso da força de trabalho de familiares para tal empreitada, sendo que alguns deles ainda são crianças. Quanto à renda e os empregos gerados nesse tipo de produção, detectei que são mínimos e em pouco número. Algumas famílias desenvolvem trabalhos análogos ao escravo, pois, não recebem salários e sim víveres (alimentos, ferramentas, roupas, calçados e outros).
Nessa conjuntura, notei que as florestas estão encolhendo, os cursos d’água estão secando e a população mais empobrecida continua no abandono.
Assim, ao concluir esse breve raciocínio, me faço a seguinte pergunta: como minimizar os danos ambientais provocados por essa atividade que se tornou predatória no município de São Domingos do Araguaia? Como tentativa de resposta, penso que um bom caminho a trilhar, embora longo, seria a criação da consciência de que os recursos naturais são finitos e que sua escassez pode provocar danos ambientais. Tal consciência deve ser criada junto as pessoas que lidam diretamente com a produção mencionada, em um primeiro momento, más pode ser introduzida no ambiente escolar através de campanhas que primem pela educação ambiental.