sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Crônicas sobre o Separatismo (Parte 1): A Polêmica do Separatismo e a Questão da Gestão de Políticas

Eduardo José Monteiro da Costa

Nos últimos meses a polêmica sobre a questão do separatismo tem estado presente quase que diariamente na mídia. Muitos aproveitam o embalo das discussões para angariar a sua projeção pessoal em véspera de ano eleitoral. Certamente ser contra ou favorável ao separatismo será uma bandeira que veremos levantada por vários candidatos na próxima eleição. Contudo, percebe-se, por parte de alguns de seus defensores, a inexistência de estudos mais detalhados que apontem para a viabilidade destes novos Estados, e se realmente o desmembramento irá representar ou não o efetivo desenvolvimento destas regiões.
Sempre digo quando sou indagado que se tamanho fosse sinônimo de desenvolvimento o estado de Sergipe seria o mais desenvolvido do país. Há alguns anos fui convidado para fazer uma consultoria na região do Alto Sertão Sergipano, que fica no limite com os estados de Pernambuco e Bahia e que dista da capital, Aracajú, apenas 2 horas de carro. Curiosamente, a queixa da população daquela região é muito parecida com a população residente nas regiões paraenses que almejam emancipação, principalmente a ausência do Estado e a falta de políticas públicas adequadas.
Sobre isto, duas questões merecem ser levantadas.
Em primeiro lugar, o desmembramento, como anteriormente dito, por si só não representa garantia de desenvolvimento. O principal problema, no meu ponto de vista, não é o tamanho do Pará, mas a inexistência de uma estrutura burocrática adequada para se fazer gestão de políticas públicas. Por mais que até haja uma filosofia de descentralização da gestão, esta filosofia deve ter respaldo na arquitetura técnica-burocrática. Quem estuda gestão pública entende que para cada filosofia de gestão há uma estrutura burocrática adequada. Descentralização implica na superação do já ultrapassado modelo setorial, para a gestão territorializada das políticas. Implica em trazer a população para mais próximo do Estado, não somente na escolha das obras ou programas, mas principalmente através do controle social e da transparência de que as ações do governo têm um objetivo mais amplo. Uma visão de futuro!
Neste sentido, estou convencido de que é questão sine qua non a realização de uma ampla reforma administrativa na burocracia do Governo do Estado. Não uma reforma para acomodar interesses partidários ou para se abrir espaço para aliados políticos. Mas uma reforma capaz de modernizar a forma de se fazer gestão pública, trazendo o cidadão para mais próximo dos gestores, e conferindo às políticas e ações maior agilidade, eficiência e eficácia. O Estado hoje está “inchado”. Muitas estruturas estão superpostas e muitas delas são ineficientes. Racionalizando e adequando a gestão, e aqui não estou defendendo uma gestão por resultados, é possível diminuir o custeio, ampliar o volume de investimentos e trazer o cidadão para mais próximo dos gestores.
Aliado a isto está à segunda questão. Precisamos de um Projeto para o estado do Pará. Qual é o Pará que queremos? Que tipo de desenvolvimento queremos para o nosso estado?
O diagnóstico das características econômicas e entraves de nosso estado é claro. Não há discordância de que precisamos mudar radicalmente a sua base econômica, agregando valor e diversificando a produção. Mas do diagnóstico para uma posologia de intervenção eficaz a distância é muito longa. Implica em mexer com um conjunto de interesses das mais diversas estirpes. Finalizo com algo que aprendi com um professor meu na Unicamp. O desenvolvimento tem dois lados. Um lado é mais atraente, consiste em sonhar, planejar, construir, arquitetar. Mas, o desenvolvimento também é constituído por um lado que infelizmente muitos gestores não enfrentam como deveriam. Implica em combater, desconstruir, contrariar, principalmente os projetos de indivíduos ou de certos grupos que acabam sendo prejudiciais ao restante da população. A mensagem final é clara, precisamos de um Projeto para o Pará que subordine os interesses individuais e privados aos interesses da ampla maioria da população. Somente assim teremos um Pará desenvolvido e que tanto sonhamos.

Texto produzido por: Eduardo José Monteiro da Costa, Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp, Professor da UFPA e Presidente do Conselho Regional de Economia do Estado Pará (CORECON-PA). E-mail: ejmcosta@gmail.com
Disponível em: http://eduardojmcosta.blogspot.com/2011/08/cronicas-sobre-o-separatismo-parte-1.html . Acessado em: 26/08/2011.

TECNOLOGIA NA MINHA ESCOLA

Valtey Martins de Souza

Nesse texto irei falar sobre os tipos de tecnologias que a escola que eu trabalho disponibiliza para docentes e discentes, os tipos mais utilizados, em que tipo de atividade são utilizadas, as dificuldades para a utilização de novas tecnologias e o que é preciso se fazer para que as tecnologias sejam de fato utilizadas no processo ensino aprendizagem.
Nesse cenário, após um breve levantamento no ambiente em que trabalho, desvelei que os tipos de tecnologias disponíveis nessa escola são: televisores e aparelhos de DVDs, computadores, projetores, vídeos, máquinas fotográficas, filmadoras, pen drives, HDs, cartões de memória, entre outros.
Dessa forma, nesse levantamento observei que as tecnologias mais utilizadas são: o uso de vídeos que são trabalhados pelos professores junto ao alunado, principalmente usando aparelhos de DVDs e computadores com projetores. Geralmente esses vídeos são apresentados por cerca de 10 professores, sendo que os outros docentes preferem utilizar preferencialmente a aula expositiva. Assim, verifiquei que aqueles que fazem uso das tecnologias acima citadas, o fazem porque necessitam adequarem suas práticas a novas realidades que se apresentam nesse mundo em constante transformação.
Nessa conjuntura, notei que essas tecnologias são utilizadas corriqueiramente nos afazeres pedagógicos desses professores, pois os mesmos notaram que o alunado as utiliza também em seus cotidianos. Esses professores notaram que a aula expositiva por si só não prende a atenção dos alunos e alunas, e nem contribuem decisivamente no processo ensino aprendizagem. Portanto, acharam que seria necessário trazer para o mencionado processo, novas tecnologias que facilitassem a construção do conhecimento, transformando assim, os educandos em sujeitos e não em objetos.
Desse modo, para que os alunos e alunas se tornem sujeitos desse saber, se faz necessário uma adoção de novos procedimentos didáticos que, no entendimento do professor José William Vesentini, não devem se pautar apenas ou essencialmente na aula expositiva, mas sim no estudo do meio (as chamadas aulas de campo), dinâmicas de grupo e trabalhos dirigidos, debates, uso de computadores (e redes) e outros recursos tecnológicos, preocupações com atividades interdisciplinares e com temas transversais.
Nessa perspectiva, observei que os entraves para o uso de novas tecnologias são principalmente o ranço tradicional que permeia o modelo de ensino adotado por parte dos professores locais. Sendo assim, esses professores acabam por encontrar muito mais dificuldades em contribuir para o processo ensino aprendizagem.
Portanto, penso que o procedimento que deve ser adotado para que a novas tecnologias passem a ser adotados por toda a comunidade escolar, deve ter por base o rompimento com o modelo tradicional de ensino, capacitando todos os envolvidos para que possam lidar com tais tecnologias. Sei que isso não é fácil de ser alcançado, no entanto, temos que tentar e não podemos perder a esperança, como pregava o professor Paulo Freire.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre a divisão do Estado... Por Amarílis Tupiassu (e agora?)‏

por Amarílis Tupiassu

Indigna já só a ideia de reduzir o Pará a Belém e Zona do Salgado.
Coisa de político-forasteiro mal-agradecido. O cara chega à casa alheia, que o acolhe com hospitalidade, e se revela um aproveitador. Entra, fuça a geladeira, abanca-se no melhor sofá, escancara as portas dos quartos, e a gente sabe:
é um folgado.
Chora, estremece por seu estado de nascença, enquanto explora e desdiz do Pará, de que só pensa em chupar tudo, até o Estado inteiro, se deixarmos.

O retalhador do estado (dos outros) chega e se espalha feito água.
Abanca-se, invade a cozinha, destampa, tem o desplante de meter o dedo na panela, antes do dono da casa, lambuza as mãos, lambe os dedos.
Como nós,os paraenses somos cordiais, ele confunde cordialidade com liberalidade.
Vem, vai ficando, mergulha de unhas e garras afiadas em terras e política.
Espalhado, o aproveitador, pronto, enriqueceu, encheu a pança.
Fez-se fazendeiro, político de muito papo (balofo), o cara de pau.
Alguns não dispensam trabalho escravo e agora dão de posar de redentores da miséria do Pará, como se só no Pará houvesse miséria.
E cadê? Ih, já nas altas cúpulas, armando discórdia, querendo porque querendo dividir o estado do Pará, disque porque é estado imenso e pobre, como se os mini-estados brasileiros fossem paradisíacos reinos de felicidade, nenhum faminto sem teto, nenhum drogado, saúde e escola nos trinques, nada de tráfico e exploração de menores. Balela de retalhador !

O retalhador (do estado alheio) tem no cérebro sinal de divisão. Só quer dividir, não seu estado, onde o espertalhão não conseguiu levantar a crista.
No Pará, não se contenta em ser fazendeirão, explorador de miseráveis.
Quero um estado pra mim, Assembléia Legislativa, rumas de assessores, Tribunal de Contas com obsceno auxílio-moradia, mesmo que eu tenha casa própria.

E o retalhador já quer governar o estado (dos outros), quer reino e magnífica corte própria, algo comum nestas terras brasílicas dominadas por quadrilhas de políticos cara de pau, porque os dignos, vergonha na cara, os que lutam a valer por um Brasil de união, ordem e progresso, estes raros
políticos dão uma de éticos e não põem a boca no trombone.

Não, o Pará não é casa de engorda e enriquecimento de esquartejador da terra dos outros. Mas o pior é que eles se juntam até a certos políticos paraenses, que, em vez de dizer não decisivo e absoluto à divisão, ficam em cima do muro. É que os muristas paraenses também não são flor que se
cheire. Incrível que políticos paraenses admitam o roubo oficial das ricas terras do Pará. Pendurados no muro, os muristas paraenses só pensam na engorda de seus vastos currais e não em defesa e união.

Sim, quem quer esfacelar o Pará? Deputados de longe que lambem os beiços por se apoderar do Marajó, do Tapajós, de Carajás. Risíveis os argumentos separatistas: A imensidão do Pará impede seu progresso. Nada! Papo de político! É vasta a miséria dos estados pequenos e do Brasil mal governado.
Dividir vem da omissão de políticos do Pará, eles em ânsias por suas lasquinhas. Separatista daqui e de fora quer é feudo, castelo, mais poder.

O mapa do Pará lembra um buldogue. Ele precisa de brio, amor-próprio, rosnar, se quiserem reduzi-lo em retalho. O Pará quer paz e união. Vamos calar os esquartejadores que boiam, do fracasso em seus estados, ao sonho de esfacelar o Pará. Vamos dizer não a mais essa mutreta de político
espertalhão.

Transcrito do Caderno Mulher de 'O liberal' - 13/12/09