quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O APRENDIZADO E ALGUNS CONCEITOS PSICOLÓGICOS*

Valtey Martins de Souza

Este trabalho aborda temas dos processos de aprendizagem que estão relacionados com os modos de comportamento dos seres humanos. Dentre eles, tratarei dos conceitos de psicologia, psicologia na educação, psicologia da educação, psicologia e subjetividade, psicologia e desenvolvimento, psicologia da aprendizagem, o ambientalismo, o inatismo, o interacionismo.
Nessa perspectiva, Antonio Severino conceitua a psicologia como o ramo das ciências humanas que estuda os fenômenos e as operações psíquicas. Diz ainda, o referido autor, que se trata de uma forma sistemática de conhecimento, apoiada nos procedimentos metodológicos da ciência que busca dar conta dos processos relacionados com a conduta dos sujeitos humanos, à medida que eles estão vinculados a sua vida psíquica.
Dessa maneira, para o autor em destaque, a psicologia da educação é a disciplina que sistematiza os conhecimentos práticos e teóricos sobre o educando, como ser subjetivo em suas relações com o meio que o envolve, consigo mesmo e com os outros.
Nessas condições, o mencionado autor entende que a psicologia da educação, possibilita a compreensão global do processo de desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, a partir do momento em que se colocam ao alcance do educador os conhecimentos da teoria e da pesquisa, viabilizando assim, maior eficácia em seu trabalho de interação entre as pessoas. Para esse autor, os processos psíquicos são apoios valiosos e imprescindíveis para que educadores e educandos percebam seus valores, dignidade e sensibilidade, respeitando as diferenças existentes nos relacionamentos dos sujeitos com seu ambiente natural e social.
Além disso, o autor aventado anteriormente entende que é através do processo de aprendizagem que se dá a apropriação dos diversos conteúdos de nossas experiências naturais ou culturais, que só pode se realizar em função dos recursos da personalidade dos sujeitos.
Nesse cenário, Antonio Severino entende que foi somente a partir da consolidação da pedagogia escolanovista, que a psicologia foi considerada como uma ciência fundamental dos processos educativos e, que sobre seus conhecimentos, se deveria fundar toda a pedagogia.
Nessa conjuntura, o autor destaca que o educador não pode conceber e praticar sua atividade como se tratasse de uma manipulação mecânica dos sujeitos educandos, pois, o educador deve ter sempre em mente que estudar psicologia, conhecer eventuais teorias de seu campo, não tem por finalidade transformá-lo em um especialista em clínica psicológica, nem em teorias. Até mesmo porque, o papel da psicologia no âmbito educacional, é o de mediar o conhecimento dos sujeitos educandos enquanto pessoas subjetivas, pois, a subjetivação humana deriva das atividades que os homens desenvolvem, sejam elas sobre a natureza ou com seus semelhantes.
Nesses termos, esse autor diz ainda, que não se pode reduzir à educação a mera aplicação dos processos psicológicos, pois estes são apenas mediações e devem-se levar em conta outros aspectos igualmente fundamentais, como uma atividade de trabalho e uma prática política.
Nessa mesma linha de raciocínio, as autoras Cláudia Davis e Zilma Oliveira em obra intitulada Psicologia na educação, dizem que num processo de democratização das oportunidades educacionais, a escola deve considerar em seu trabalho as características psicológicas e socioculturais dos alunos que atende, buscando uma adequação pedagógico-didática à sua clientela, tornando possível e significativo o processo de aprendizagem. Essas autoras dizem ainda, na medida em que aumentam os problemas que as escolas têm de enfrentar, tornam-se mais relevantes os estudos psicológicos para a área da educação e, a necessidade de se efetivar maior intercâmbio entre a psicologia e a pedagogias.
Dessa maneira, as autoras citadas acima, afirmam também que é na interação com outras pessoas que as necessidades dos seres humanos tendem a ser satisfeitas, e é por intermédio do contato humano que a criança adquire a linguagem e passa a se comunicar com outros seres humanos e a organizar seu pensamento, pois o aparecimento da consciência deriva das condições criadas no convívio social.
Assim, para essas autoras, investigar as modificações que ocorrem nos processos envolvidos na relação do indivíduo com o mundo, analisando seus mecanismos básicos, é o papel da psicologia. Sendo que, as áreas da psicologia que são mais importantes para o trabalho do professor, são os conhecimentos advindos da psicologia do desenvolvimento e a da aprendizagem. Dessa forma, desenvolvimento é entendido como o processo através do qual o indivíduo constrói ativamente, nas relações com o ambiente físico e social, suas características.
Nessas condições, as autoras conceituam psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. Para elas, a psicologia do desenvolvimento estuda a evolução da capacidade perceptual e motora, as funções intelectuais da sociabilidade e da efetividade do ser humano. A psicologia da aprendizagem é entendida como o processo através do qual, a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece.
Além disso, quando as autoras falam da psicologia na educação, deixam transparecer que a criança começa há aprender muitos anos antes de entrar na escola. Nesse período, um conjunto de noções e de conceitos já se encontra estabelecidos, pois, a tarefa de ensinar concentra-se não somente nas mãos das escolas, mas também faz parte das tarefas da família, dos amigos, de pessoas que ele, o educando, considera significativa, dos meios de comunicação de massa e de outros. Porém, é no ambiente escolar que existe uma intenção prévia de organizar situações que proporcionem o aprimoramento dos processos de pensamento e da própria capacidade de aprender.
Nesse contexto, as autoras analisadas passam a apresentar às diversas teorias de desenvolvimento, como a concepção inatista, a concepção ambientalista e a percepção interacionista de Piaget e Vygotsky.
Dessa forma, ao falarem da concepção inatista, as autoras a conceituam dizendo que o ser humano já nasce com as qualidades e capacidades básicas já prontas, sofrendo pouca diferenciação qualitativa e quase nenhuma transformação ao longo da existência. Nesse caso, os fatores endógenos são primordiais, se sobrepondo aos exógenos, que são considerados de menor importância.
Nessa perspectiva, ao tratar da concepção ambientalista, as autoras atribuem o desenvolvimento das características humanas, às condições presentes no meio em que se encontra. Visto a partir dessa ótica, essa concepção valoriza os fatores exógenos e é chamada também de comportamentalista ou Behaviorista.
Desse modo, para os comportamentalistas, através da manipulação dos elementos presentes no ambiente, é possível controlar o comportamento. Mudanças no comportamento podem ser provocadas de diversas maneiras, sendo que uma delas requer uma análise das conseqüências ou resultados que o mesmo produz no ambiente. As conseqüências positivas são chamadas de reforçamento, as negativas recebem o nome de punição.
Nesse caso, a concepção interacionista pregada pelas autoras em destaque lembra que o desenvolvimento apóia-se na idéia de interação entre organismos e meio.
Visto a partir desse cenário, as autoras apregoam a respeito da abordagem sobre dois grandes estudiosos que tem marcado, ultimamente, a teoria e a prática educacional com teorias psicológicas desenvolvidas por dois defensores da concepção interacionista. São eles Piaget e Vygotsky. O primeiro mostrou que os estágios do conhecimento humano correspondem às etapas do desenvolvimento genético por que passam tanto a vida psíquica, quanto a inteligência. O segundo, em seu trabalho, mostra uma visão de desenvolvimento baseada na concepção de um organismo ativo, cujo pensamento é construído paulatinamente num ambiente histórico e em essência social.
Dessa maneira, Cláudia Davis e Zilma Oliveira tratam ainda das etapas do desenvolvimento cognitivo da criança, a etapa sensória motora, a pré-operatória, a operatório-concreta e a operatório-formal. A compreensão dessas etapas leva o educador por caminhos do compreender o educando, através da interação dos mesmos, com o meio e consigo mesmo.

A AÇÃO DE UM PROFESSOR APÓS O CONTATO COM O CONHECIMENTO

Os dois textos tratados nesse trabalho, além de desenvolver conceitos até então desconhecidos por mim, irão ajudar de maneira decisiva na compreensão e desenvolvimento do meu trabalho como educador, pois até então, eu concebia e praticava a educação, como se tratasse de uma manipulação mecânica dos sujeitos educandos. Apesar de já militar na educação por quase 15 anos, o curso que fiz no ensino médio não foi o magistério, e sim o científico.
Dessa forma, fui um professor muito autoritário durante muitos anos, isso por influencia do meio no qual vivi durante algum tempo, a Caserna. Assim sendo, passo a analisar o meu comportamento como educador, em um primeiro momento, onde o autoritarismo era predominante no meu relacionamento com alunos e, também, com familiares. E em um segundo momento, onde passei a ter contato com novas práticas e teorias. Portanto, acredito que meu comportamento tem se modificado na medida em que as disciplinas são ministradas, levando-me a acreditar na significância da psicologia da educação no aprendizado de educador/educando.
Desse modo, entendo que a paciência, até então, nunca havia sido uma das minhas virtudes, mas, como o ditado popular diz “o professor é um espelho para o aluno”, passei a me policiar na intenção de servir como um bom exemplo a ser seguido. Principalmente, exemplo de paciência e conhecimento de que o aprendizado também se dá pela interação com o meio.

BIBLIOGRAFIA

DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na educação. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1993.
SEVERINO, Antonio. Educação e subjetividade: a hora e a vez da psicologia da educação. In:_____. Filosofia da Educação: construindo a cidadania. São Paulo: FDT, 1994, p. 128-135.


*Adaptação de trabalho elaborado como requisito de avaliação da disciplina Psicologia da Educação, ministrada pelo professor João Miguel Batista Guerreiro, durante a 6.ª etapa intervalar do curso de Licenciatura Plena em Geografia, pela Universidade Federal do Pará (UFPA), no pólo de Brejo Grande do Araguaia-PA.

O ENSINO DE GEOGRAFIA: DAS PRÁTICAS TRADICIONAIS AO MOVIMENTO DE CONSTRUÇÃO DE UMA GEOGRAFIA ESCOLAR CIDADÃ*

Valtey Martins de Souza
Nilene Ferreira Cardoso Souza
Antonio Félix da Silva


O presente texto vai tratar do modo como eram vistas e aplicadas às práticas tradicionais no ensino da Geografia Escolar e, também, vai falar da construção de uma Geografia Escolar Cidadã, que procura trazer para o centro da discussão, o objeto de interação do professor, que é outro sujeito, o aluno.
Assim, as palavras de Lacoste citado por Rocha (1998), são bastante claras, pois para ele:
A geografia dos professores nada mais é do que um discurso ideológico, que tem como função, dentre outras, mascarar a importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço (p.67).

Nessa concepção, o ensino da geografia no final do século XX era descomprometido e isolado do real, buscando se distanciar o máximo da realidade espacial. Essa metodologia aplicada pelos professores mascara o raciocínio sobre a importância da organização do espaço, e os conteúdos estudados eram de forma mecânica e superficial, fazendo com que não houvesse compreensão, causando certo distanciamento na relação do conhecimento apreendido na escola com a realidade observada. Desse modo, o aprendizado tornava-se sem importância para o aluno, que era tido apenas como um objeto da aprendizagem.
Nesse contexto, essa maneira de ensinar a geografia desconectada da realidade, teve como conseqüência, o desinteresse pelos estudos geográficos, uma vez que não contribuíam para um estudo crítico da organização espacial do mundo, distanciando o nosso alunado da importância do conhecimento geográfico.
Dessa maneira, nas escolas brasileiras, o modelo pedagógico adotado é centrado no autoritarismo, no qual o professor sempre deve ser o centro e, os alunos, são entendidos como recipientes vazios que devem ser preenchidos. Esse modelo educacional que não valoriza os conhecimentos extra-escolares, que não permite a participação ativa do educando, que o torna objeto e não sujeito do seu aprendizado é o de cunho tradicional.
Visto sob essas condições, esse modelo tradicional trata a diversidade e a heterogeneidade de forma homogênea, transformando o educando num mero repetidor de conhecimentos, num indivíduo robotizado. Para isso, o referido modelo educacional faz uso de conteúdos sem nenhum significado para os alunos, onde os professores utilizam metodologias que irão auxiliar cada vez mais, na alienação dos estudantes.
No entanto, outra concepção pedagógica que se opõe ao modelo tradicional, é a de cunho crítico, aquela que compreende a inter-relação entre a educação e a prática social. Esse exemplo pedagógico é aquele onde o professor crítico busca no interior da sala de aula, se utilizar de técnicas de ensino que visem à aquisição do saber sistematizado, principalmente através da utilização da bagagem de conhecimentos que o alunado trás da sua cotidianidade.
Nessa linha de raciocínio, Cavalcanti (1998) entende que é preciso, portanto, formar uma consciência espacial para a prática da cidadania, o que significa tanto compreender a geografia das coisas, para poder melhor manipulá-las no cotidiano, quanto conhecer a dinâmica espacial das práticas cotidianas inocentes, para dar um sentido mais genérico (mais crítico, mais profundo) a elas. Nessa concepção, a produção e reelaboração do conhecimento derivam das interações entre professor e alunos, que por sua vez, trazem uma bagagem de conhecimentos extra-escolar, de fundamental importância para tal reelaboração.
Assim, na perspectiva crítica, a geografia escolar estimula a atividade e a iniciativa dos alunos, sem prescindir da iniciativa do professor, favorecendo o diálogo, de onde brota o início da transformação do indivíduo em sujeito de seu aprendizado.
Nesse cenário, a partir do que foi posto, o ensino da geografia vai permitir que os alunos façam relações de forma sistematizada de suas realidades, despertando-os para a compreensão de sua organização espacial. Dessa forma, esse modelo de ensino terá como objetivos, formar sujeitos, o que difere das políticas neoliberais aplicadas pelos PCNs, como uma geografia humanística que visa formar apenas indivíduos alienados por essa política do Estado brasileiro.
Portanto, essa nova forma de ensinar geografia, tendo o espaço como produto, condição e meio de reprodução das relações sociais, faz com que os alunos comecem a se identificar com seu espaço de uso cotidiano, passando a conhecê-lo de forma particular através de vários olhares, pois, a partir do conhecimento geográfico, obtemos habilidades para compreender o nosso meio, sobretudo as relações travadas no espaço.
Desse modo, concluímos que essa geografia escolar cidadã que vê o espaço como historicamente produzido pelo homem, e a necessidade de conhecê-lo de forma sistemática para melhor organizá-lo numa perspectiva de sociedade mais justa e igualitária, deve ser a geografia escolar que mais se adéqua a formação de sujeitos conscientes dos seus papéis como cidadãos participantes de uma sociedade dinâmica.



BIBLIOGRAFIA


CAVALCANTI, L. S. Geografia escolar e a construção de conceitos no ensino. In:_____. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas: Papirus, 1998.

LOPES, A. O. Aula expositiva: superando o tradicional. In: PASSOS, Ilma; VEIGA, A. (Orgs). Técnicas de ensino: Por que não? 2 ed. Campinas: Papirus, 1998.

ROCHA, G. O. R. O papel do professor de geografia na formação de uma sociedade crítica. Revista Ciência Geográfica. Baurú. IV (10): mai/ago, 1998.

_____. A geografia escolar e a consolidação do projeto educacional neoliberal no Brasil. Belém: Mineo, 2002.

*Esse texto é uma adaptação do trabalho apresentado ao professor Genylton Odilon Rego da Rocha na disciplina Metodologia Específica do Ensino de Geografia, em janeiro de 2003 em Brejo Grande do Araguaia-PA, do curso de Licenciatura Plena em Geografia pela UFPA.

A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA, CONSIDERANDO A AVALIAÇÃO ESCOLAR NO ENSINO FUNDAMENTAL E/OU MÉDIO*

Valtey Martins de Souza


O texto hora apresentado, vai destacar a importância da didática para o ensino de geografia, levando em consideração o papel da avaliação escolar no ensino fundamental e/ou médio. No caso da didática utilizada pelo docente, deve sempre levar em consideração as questões que afetam o cotidiano dos dois sujeitos do processo ensino aprendizagem: professor e aluno.
O aprendizado da geografia perpassa não só pelo uso de recursos pedagógico-didáticos, mas pela contextualização dos conteúdos, orientando os educandos para o exercício da cidadania, sempre respeitando as minorias, também e ao mesmo tempo, auxiliando na conscientização de uma sociedade inconclusa, de indivíduos inconclusos e históricos.
Nessa conjuntura, a didática utilizada no ensino de geografia deve levar a abordagens de questões fundamentais que nos afetam no dia-a-dia, deteriorando a qualidade de vida na superfície terrestre, como as queimadas, a utilização do mercúrio, a pesca predatória, o emprego do carvão vegetal como combustível, o defeso, a poluição das águas, a destruição da camada de ozônio, em suma, as relações que os indivíduos travam no seio da sociedade e com a natureza.
Dessa forma, dependendo da didática utilizada para o ensino de geografia, a conscientização do educando pode acontecer, ou não. A metodologia de ensino é de fundamental importância para o processo de ensino aprendizagem, se levar em consideração valores morais, éticos, cognitivos e afetivos do ser educando, que se transforma em sujeito a partir desses pressupostos básicos.
Nessa perspectiva, o modo de facilitar o ensino/aprendizagem utilizado pelo educador em geografia, pode levar o educando a compreender e explicar o mundo. A compreensão e explicação de mundo devem, logicamente, ser vista sob a ótica dos avanços tecnológicos e das transformações socioculturais decorrentes dos conflitos e acordos entre os elementos formadores da sociedade.
Nessas condições, no que se refere as avaliações escolares, que são vistas como instrumentos de verificação de rendimento escolar, que cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle, devem ser feitas tanto pelo educador, quanto pelo educando no decorrer do processo de aprendizagem. Afinal de contas, tanto o primeiro quanto o segundo se educam durante esse processo.
Desse modo, os atores envolvidos nesse processo educativo devem ter sempre em mente, que a avaliação educacional não pode estar a serviço de uma pedagogia dominante, autoritária, conservadora, e sim, terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência de todos para a participação democrática na vida social.
Assim, a avaliação deve ser sempre uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino-aprendizagem, não somente no ensino fundamental, mas também, no ensino médio, onde teoricamente os educandos devem estar mais “amadurecidos”.
Nesses termos, há indicadores que sugerem que, para ter sucesso profissional na tarefa de ensinar, é necessário ao professor conhecer, dominar e articular os vários elementos que compõem o seu trabalho, como conteúdos, realidade do educando, teorias e metodologias, avaliação e aprendizagem.
Nesse cenário, a maioria dos professores do município que eu trabalho como docente, se aproveita da autoridade que a profissão lhes confere, e vestem o manto do autoritarismo para disfarçar a incompetência peculiar dos chamados docentes tradicionais. Fazendo isso, eles (ou nós, algumas vezes) acabam por prejudicar, ou mesmo castrar, o poder de criticidade do educando local, que por sua vez, irá reproduzir o conhecimento adquirido, se é que podemos chamar assim.
Nesses termos, o educando quase nunca pode avaliar o professor, pois, a autoridade do mestre, o dono e não o facilitador do conhecimento, não pode ser abalado, principalmente porque o docente se considera um espelho no qual o educando deverá ver somente qualidades. Esse professor provavelmente não sabe que é humano e, portanto, falível, capaz de na sua com o meio, errar. Assim como o educando, que também não é perfeito. Tanto o educador quanto o educando, em suas funções no processo ensino-aprendizagem, são aprendizes, pois pertencem ou se inserem em uma sociedade dinâmica, que com os avanços tecnológicos, sofrem profundas e irreversíveis transformações.

BIBLIOGRAFIA

GUARNIERI, Maria Regina (Org). Aprendendo a ensinar: o caminho nada suave da docência. Autores Associados; Araraquara-SP: Programa de Pós-graduação em Educação Escolar da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, 2000.-(Coleção Polêmicas do nosso tempo;75).

LIBÂNEO, José Carlos. Didática: a avaliação escolar. – São Paulo: Cortez, 1994.- (Coleção magistério 2.º grau. Série formação do professor).

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. – 2 ed. São Paulo: Cortez, 1995.

*Adaptação do trabalho elaborado como requisito de avaliação da disciplina Didática Geral, ministrada pela professora Almira Teixeira, durante a 6.ª etapa intervalar (julho de 2002) do curso de Licenciatura Plena em Geografia, pela Universidade Federal do Pará, no pólo de Brejo Grande do Araguaia-PA.

domingo, 24 de outubro de 2010

RELATO DA ESPOSA DE UM TORTURADO DA GUERRILHA DO ARAGUAIA

O movimento de guerrilha rural acontecido onde hoje se localiza o “Bico do Papagaio”, ficou conhecido por Guerrilha do Araguaia. Esse movimento guerrilheiro se iniciou com os preparatórios de pessoas ligadas ao PC do B (Partido Comunista do Brasil), em meados da década de 1960. Os primeiros guerrilheiros a chegar à região onde o movimento seria deflagrado, tinham como objetivo preparar o terreno para a chegada dos demais.
Quando os guerrilheiros se preparavam para deflagrar a guerra de guerrilhas, foram atacados por militares das Forças Armadas que haviam descoberto os preparatórios dos revoltosos com a situação de domínio exercida pelos militares.
Os militares das forças regulares adotaram várias táticas para dominar o movimento guerrilheiro que se instalara na região. Dentre elas, se destaca a ação de seqüestrar e torturar grande parte dos homens que viviam nas vilas e na floresta.
Assim, se inicia o sofrimento de uma família que tem um de seus membros preso e torturado pelos militares das Forças Armadas do Brasil. Esse sofrimento afetou todas as pessoas da família, mas uma pessoa em especial sofreu muito mais, pois, essa pessoa sofreu as mais vis torturas que um ser humano pode provocar a outro. Além das torturas físicas, a tortura moral associada ao medo do que viesse acontecer a sua família, prevaleceu na cabeça do torturado, que se viu na obrigação de ajudar as forças regulares a procurar e prender os brasileiros que pretendiam mudar o regime de ditadura imposto ao país.
Desse modo, o depoimento da esposa de um torturado esclarece a ação de agentes das Forças Armadas do Brasil, no que se refere à prisão e tortura de seu esposo, Geraldo Martins de Souza. A declaração de Clotildes Martins de Souza começa assim:
No começo de outubro de 1973, por volta das 08:00hs, apareceram nas ruas de São Domingos, muitos homens vestidos de “Povo da Mata”, trazendo uns vinte homens presos. Nós ficamos com medo. Aí, depois que nós vimos os homens se comunicando com os aviões que passavam por cima, entendemos que eram homens do Exército. Levaram esses homens para o “Angelim” (antigo DNR) no Marabá. No final de outubro o Geraldo foi preso e levado pelo Exército, mais ou menos lá pelo dia 27. Ele ficou preso no “Angelim”, onde sofreu muito, apanhou muito. Ficou preso uns trinta dias sofrendo, depois foi perguntado se ele conhecia a mata, e ele disse que sim, pois tinha terra na região, cerca de 70 (setenta) alqueires. Pediram-lhe para fazer um croqui da área e ele fez. Depois disso ele foi recrutado para ser “guia” do Exército para procurar o “Povo da Mata”. Na sua primeira missão ele prendeu dois jovens que haviam queimado uma ponte, e, se descobriu mais tarde que esses rapazes eram mesmo da região. Acredito que meu marido foi preso porque nessa terra que nós tínhamos, criávamos porcos, galinhas e tínhamos pastos para os animais. E o Exército matou o “Zé Carlos” e os outros guerrilheiros na nossa terra, justo quando eles “tratavam” um porco que eles haviam matado para comer. O Exército achou que nós estávamos dando apóio para o “Povo da Mata”, pois o porco era nosso. Depois disso, os militares mataram todas as nossas criações, cortaram as árvores frutíferas e queimaram o arroz e o milho que estava estocado. Por isso, o Geraldo foi preso, apanhou muito, foi torturado para descobrir onde estavam os guerrilheiros. No entanto, por não saber nada a respeito disso e por conhecer a região, ele foi recrutado para atuar como “guia” do Exército de 1973 até início de 1975.
O movimento guerrilheiro foi sufocado do final do ano de 1974 para o início de 1975. No entanto, as forças regulares continuaram a atuar na região, principalmente impondo medo nos moradores que foram incumbidos de vigiar para que pessoas “estranhas” fossem monitoradas.
Assim, os homens que foram recrutados a força para atuarem como “guias”, ficaram mal vistos, principalmente por pessoas que não sabiam dos apertos que eles haviam passado sob as torturas daqueles que deveriam protegê-los. Resta saber se um dia esses homens irão ser homenageados como heróis que também sofreram nesse episódio obscuro da história recente do Brasil.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

RELATÓRIO DE AULA/PESQUISA DE CAMPO DA DISCIPLINA: ECOLOGIA

Valtey Martins de Souza
Renato Noronha Martins
Luiz de Oliveira Silva


A aula de campo da disciplina de Ecologia marcada para o dia 09 de outubro de 2010 na FLONACA (Floresta Nacional de Carajás) e entorno, com a turma de especialização em Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Regional, sob a orientação do professor Dr. Everaldo Carvalho da Conceição Telles, se inicia com a saída de Marabá com destino ao município de Parauapebas. Nosso principal objetivo nessa aula foi o de visualizar um ecossistema natural (FLONA) e um agrossistema, sem se esquecer do percurso e das transformações que ocorreram no meio ambiente, sejam elas naturais ou artificiais.
Desse modo, durante o percurso observou-se uma grande transformação da paisagem, principalmente no que tange à utilização das áreas para pastagens, o que contribuiu para o enfraquecimento do solo e por conseqüência do desmatamento o assoreamento dos rios – como exemplo o rio Sororó, localizado entre os municípios de Marabá e Eldorado dos Carajás. O mesmo possui a qualidade da água prejudicada, pois, a erosão ocasionada devido à retirada da mata ciliar, fez com que a água se tornasse barrenta em todo o seu percurso.
Nesse cenário, outro fator importante observado no percurso foi o grande número de assentamentos e acampamentos ao longo da rodovia PA-150, fator que demonstra claramente os interesses diversos que existem na ocupação dessas áreas, fruto da valorização das terras ocasionadas pela implantação dos projetos de mineração e o modelo de “desenvolvimento” governamental exógeno – ocupar e explorar sem os devidos cuidados com o meio ambiente – que atraiu não somente o pecuarista, mas também uma grande leva de migrantes que ou estabeleceram-se em cidades como Marabá e Parauapebas, como também passaram a preencher as fileiras do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) contribuindo para agravar os conflitos territoriais existentes, tanto no âmbito socioeconômico, como ambiental.

Nessa conjuntura, durante todo o percurso verificamos que as terras as margens da rodovia eram utilizadas para a criação de gado, apresentando pastagens pouco ou nem sempre manejadas da forma adequada. Quanto ao relevo visto no trajeto, até o município de Eldorado de Carajás se apresentou de forma mais ou menos plana, só sendo alterado a partir desse município, quando as serras se fizeram mais presentes.
Dessa forma, logo ao chegarmos à Flona, observamos uma variedade grandiosa de espécimes de árvores, o que demonstra a característica principal da floresta amazônica - uma floresta densa e com um grande numero de árvores com variadas alturas e folhas largas. Dessa maneira, notamos que as árvores predominantes no início da subida da serra eram as gameleiras (Ficus adhatodifolia), que se destacam as margens da rodovia. Verificamos também, que durante grande parte do trajeto subindo a serra, predominam árvores de grande porte, como a castanheira (Bertholettia Excelsa) e o favão (Parkia nítida), por exemplo. O porte e as espécies vão variando de acordo com a altitude relativa ao nível médio das águas dos mares, tanto que a castanheira rareia por volta dos 600 metros.
Nesse contexto, após breves esclarecimentos iniciamos a trilha “Lagoa da Mata”, com 2.458 metros dentro da Flona. Durante essa trilha, discutiu-se também que a grande fertilidade que se encontra nestas áreas de floresta densa, advêm da própria floresta que ao se renovar, fertiliza o solo naturalmente, com galhos, árvores mortas, folhagens, animais mortos e microorganismos que contribuem para a criação de uma cobertura vegetal rica em nutrientes, sem ela o solo amazônico seria e é paupérrimo. Notamos que a vegetação de grande parte da trilha era formada pelas mais variadas espécies e tamanhos, sendo que logo na entrada o solo parecia ser do tipo latossolo vermelho amarelado, variando durante o percurso até que no final já era um latossolo roxo.
Portanto, como não poderíamos deixar de destacar duas particularidades dessas áreas de solo ferruginoso, na área onde a rocha ferruginosa está mais profunda, observou-se uma cobertura vegetal com árvores consideravelmente altas e densas, pelo contrário, onde a rocha ferruginosa aflora tem-se o domínio da Canga – que se descreveu também como savana – observamos este fato em dois momentos: o primeiro no interior da Flona e o segundo, bem maior, em uma área nas proximidades das minas. A característica deste bioma refere-se à ocorrência de espécies endêmicas, árvores baixas e espessa, muito parecidas com aquelas do cerrado brasileiro.
Destacou-se também que estas duas áreas poderiam ou podem ser exploradas futuramente e há perspectiva de extinção de espécies endêmicas na canga da Flona e também na segunda área, o que nos remete a questão da responsabilidade ambiental da empresa – VALE – será que o Passivo ambiental que a empresa paga é o que realmente contempla a sua ação direta e/ou indireta? Como exemplo foi discutido que a Vale pagou uma compensação ambiental pela exploração de uma área que estava sob um lago de uma região serrana de Carajás que foi recompensada com a trilha na Flona construída pela Vale. Será que a compensação foi suficiente? Pois, como foi dito pelo colega de estudo Frederico do ICMBio, o local além de ser uma área difícil de ocorrer, ainda serve de fonte para mamíferos existentes nessa área.
Nessas condições, ao entardecer visitamos um agricultor na APA (Área de Proteção Ambiental) do Igarapé Gelado e detectamos uma forma de utilização do solo diferente da costumeiramente usada por pequenos agricultores da Amazônia. Observamos que numa pequena propriedade pode-se aproveitar e utilizá-la de forma sustentável – inclusive um agricultor muito esclarecido – esta forma diz respeito ao modelo de implantação do SAF (Sistema Agroflorestal) que combina diversos cultivos em uma área, como visto: a utilização de açaí, maracujá e outras frutas sem a queima da vegetação. Esse mesmo agricultor, que trabalha a agricultura familiar (ele, dois filhos e a esposa), desenvolve também nesse agrossistema, o monocultivo de abacaxis, canas, macaxeiras, juntamente com a criação de peixes e abelhas entre outras.
Dessa maneira, o senhor Raimundo utiliza a água de uma represa que se localiza na divisa de suas terras, para irrigar artificialmente por aspersão o seu SAF. Tal irrigação onera muito sua produção, visto que a água chega à plantação pela força de uma bomba movida a energia elétrica fornecida pela Rede Celpa.
Nesse caso, os pastos do mencionado agricultor se mostraram sem nenhum manejo, pois, o solo era visto com facilidade e se apresentava muito seco, com a cobertura vegetal (capim) de forma descontínua. O solo do agrossistema pareceu-nos um latossolo amarelo muito pobre em nutrientes, onde a microfauna parece não atuar com muita freqüência, principalmente por que a área já deve ter sofrido constantes queimadas no decorrer de sua colonização.
Assim sendo, o agricultor em pauta afirmou também, que o controle de pragas na propriedade em questão é feito com um agrotóxico natural (nim) extraído de uma planta de origem asiática.
Nesse cenário, a aula/pesquisa nos levou a verificar a prática de uma família de agricultores que parece se diferenciarem dos demais, pois, o sistema de produção não é mais aquele da roça itinerante que utiliza a coivara para limpar a terra para o plantio, mais sim, uma produção sustentável que visa abastecer o mercado interno, principalmente as vilas próximas.
Desse modo, a aula/pesquisa continuou na propriedade do senhor Raimundo e acabamos por sentir na pele, a variação da temperatura ambiente entre um ecossistema natural e um agrossistema. No ecossistema natural a temperatura variava muito pouco, principalmente devido à cobertura vegetal e a altitude mais elevada. No entanto, no agrossistema a temperatura ambiente se elevou bastante, provocando mal estar e o consumo de muito líquido. A explicação mais provável para o aumento da temperatura ambiente pode estar na falta de vegetação nativa de grande porte e na diminuição da altitude.
Dessa maneira, ao encerrarmos a visita ao agricultor em destaque, seguimos de volta ao ecossistema natural. No trajeto, notamos a variação de temperatura, solo e vegetação. A temperatura foi se tornando mais amena, o solo passou a ser um latossolo avermelhado e a vegetação que era baixa, foi se tornando maior e mais densa, especialmente antes de chegarmos a um platô que apresentava a canga novamente.
Assim, nesse platô, verificamos que havia certa quantidade de água que se acumulava ali devido a processos naturais, como a chuva e o escoamento superficial. A vegetação era de baixo porte (canga), o que se deve aos solos daquela localidade ser muito rasos e se encontrarem sob um afloramento ferruginoso de origem metamórfica.
Após a mencionada aula/pesquisa passamos a ponderar, o PFC (Projeto Ferro Carajás), que é um dos grandes projetos na Amazônia e no Brasil deveria ser mais bem implantado, pois ele não está definitivamente instalado, ele organiza-se e reorganiza-se cotidianamente. Uma área interna aparentemente sustentável, mas com efeitos externos grandiosos no que diz respeito a danos socioambientais, com lucros líquidos de cerca de R$ 21 bi em 2008, trouxe e traz efeitos incalculáveis caso fosse se determinar um passivo ambiental para a região como descrito no projeto inicial, quando do empréstimo cedido pelo BIRD – responsabilizar-se-á a vale por um raio de 100 km ao longo da ferrovia por qualquer dano ambiental causado, cláusula que não foi cumprida.
Restam-nos algumas perguntas, por que não se exigiu o cumprimento da clausula ambiental? O projeto é viável economicamente caso se estabeleça o passivo ambiental real? Qual a responsabilidade então da Vale atualmente? O que podemos fazer para não apenas vermos a riqueza ser explorada e pagarmos a “conta” pelo dano ambiental? Por enquanto posso dizer que partes das respostas estão em nós mesmos, fazendo parte de um projeto de formação em Educação ambiental, cidadania e desenvolvimento regional que tem como parceiro econômico a Vale – parabéns aos idealizadores do curso que antes de tudo é um projeto de cidadania.

sábado, 2 de outubro de 2010

ALUNO AMARRADO E AMORDAÇADO II

Assim como a professora em Brasília, será que nós enquanto educadores, não amarramos e amordaçamos nossos alunos e alunas?
Acredito que sim, basta olharmos os números do IDEB das escolas do município de São Domingos do Araguaia-PA. Esses números baixos refletem as maneiras que utilizamos para educar o alunado local, pois, na maioria das vezes, nós professores privilegiamos as técnicas tradicionais de ensino.
Dessa forma, essas técnicas ditas tradicionais, não contribuem de forma decisiva no processo ensino-aprendizagem, concorrendo cada vez mais para formarmos alunos alienados, que pouco aprendem e que quase nunca entendem o porquê de se estudar as diferentes disciplinas do currículo escolar.
Assim, entendo que amarramos os alunos porque as técnicas de ensino que utilizamos não são adequadas, dificultando o aprendizado e, por conseqüência, tirando as chances reais de progressão social, pois, alunos e alunas alienados não conseguem aprovação em concursos públicos, teste de seleção, Olimpíada Brasileira de Matemática, Aprova Brasil dentre outros.
Nessa conjuntura, creio que amordaçamos os discentes a partir do momento em que, por sermos tradicionais na forma de ensinar, não damos o direito dos alunos e alunas se expressarem adequadamente, não aproveitamos os conhecimentos e a cultura que os discentes trazem dos seus cotidianos, não contextualizamos de maneira adequada os assuntos dispostos nos livros e apostilas escolares, e por fim, os avaliamos quase sempre de forma errada.
Nesse caso, entendo que uma das formas de superarmos as deficiências elencadas aqui, seria a adoção, por parte dos docentes, de novas técnicas de ensino que visem o crescimento intelectual e emocional do alunado, como Candau citada por Melo e Urbanetz (2008) fala: “cabe ao educador ser mediador nesse processo de crescimento, que deve ser pleno, ou seja, intelectual e emocional (p.137)”. Visto sob essa ótica, me parece que essa perspectiva busca meios de promover o crescimento pessoal do aluno não se esquecendo de outro sujeito atuante em todo esse processo: o professor.

MELO, Alessandro de; URBANETZ. S. Terezinha. Fundamentos de didática. Curitiba: Ibpex, 2008.
(Primeira parte disponível em http://vm.souza.zip.net/)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A AÇÃO ILEGAL DE ONGs NA AMAZÔNIA E O PAPEL DO GOVERNO FEDERAL

Neste texto irei falar da ação do governo federal, no que se refere à fiscalização de ONGs que atuam na Amazônia, direta ou indiretamente em biopirataria, compra ilegal de terras, interferência indevida em áreas indígenas e exploração dos recursos minerais.
Nessa conjuntura, penso que devamos analisar, além do papel desempenhado pelas ONGs, a ação governamental que visa à fiscalização como meta repressiva. Será que além da fiscalização, o adequado não seria o aumento de investimentos em pesquisas, reforma agrária, demarcação e fiscalização de terras indígenas e exploração racional e sustentável dos recursos minerais?
Parece-me que a maioria das ações do governo visa coibir ou punir atos “ditos” ilegais das ONGs. Porém, faltam investimentos em pessoal, material e pesquisas. Desse modo, as lacunas deixadas pelo poder público, são rapidamente preenchidas pelas ONGs, que nem sempre atuam de acordo com as normas legais em vigência no país.
Dessa maneira, entendo que a biopirataria pode ser resolvida com mais investimentos em pesquisas e mais fiscalização. A compra ilegal de terras conta com o apoio de cartórios e deve ser reprimida, no entanto, acho que já está na hora de se fazer uma reforma agrária séria, além de leis que atendam também as necessidades do pequeno produtor, da agricultura familiar.
Nesse contexto, penso que a interferência indevida das ONGs em terras indígenas pode ser resolvida com mais investimentos em pessoal, treinamentos e fiscalização mais rigorosa. Quanto à exploração irregular dos recursos minerais, acho que a reestatização do setor, associada a um aumento nos investimentos em pesquisas, pode ser o início de uma exploração que vise atender as necessidades das gerações presentes e futuras.
Assim, na minha concepção, os problemas aventados aqui se resolverão se não na totalidade, pelo menos a maioria deixará de causar problemas ao país. Penso ainda, que a organização do tecido social é condição sine qua non para que tais problemas sejam resolvidos.

AMBIENTE E SOCIEDADE SUSTENTÁVEIS – ONDE? QUANDO? COMO?

Para que o ambiente ocupado por uma determinada sociedade seja saudável, se faz necessário que tal sociedade produza de forma sustentável, pensando na exploração dos recursos pelas gerações presentes, sem se esquecer das gerações futuras.
Desse modo, a aventada sociedade deve investir mais na produção de tecnologias que visem minorar os problemas ambientais e sociais. Assim, tais investimentos devem passar, necessariamente, pela educação disponibilizada para a sociedade, pois, é a ação do tecido social que provoca problemas socioambientais.
A priori, a educação voltada para a conscientização de que os recursos são finitos e que o ambiente é à base de sustentação e sobrevivência da sociedade, é condição sine qua non para se ter um ambiente e uma sociedade sustentável, durável.
Dessa forma, creio que o ambiente que serve de base para a sobrevivência da sociedade, deve ser o mais saudável possível. No entanto, para que isso ocorra se faz necessário utilizar como modo de produção, um modelo diferente do capitalismo, pois, tal modelo acarreta quase sempre, na exploração inadequada dos recursos naturais e do homem pelo homem.
Assim, penso que onde as relações capitalistas de produção se estabelecem, não tem como haver sustentabilidade ambiental e social. A solução seria estabelecer relações com o ambiente e com a sociedade, de forma não capitalista. Como aquelas utilizadas pelos povos tradicionais, por exemplo.
Dessa maneira, acredito que as nossas ações devem se pautar nos nossos atos locais, sem nos esquecermos que pode haver conseqüências em outras partes do globo. É o que os meios de comunicação divulgam com freqüência, devemos agir localmente pensando globalmente.