quarta-feira, 12 de maio de 2021

Lukács e a relação entre teoria e prática em Marx

Marx exprimiu claramente no mesmo ensaio as condições de possibilidade dessa relação entre a teoria e a práxis: "Não basta que o pensamento tenda para a realidade; é a própria realidade que deve tender para o pensamento." Ou, num ensaio anterior: "Ver-se-á então que há muito o mundo sonha com uma coisa da qual basta que ela possua a consciência para possuí-la realmente." Apenas tal relação da consciência com a realidade torna possível a unidade entre a teoria e a práxis. Para tanto, a conscientização precisa se transformar no passo decisivo a ser dado pelo processo histórico em direção ao seu próprio objetivo (objetivo este constituído pela vontade humana, mas que não depende do livre-arbítrio humano e não é um produto da invenção intelectual). Somente quando a função histórica da teoria consistir no fato de tornar esse passo possível na prática; quando for dada uma situação histórica, na qual o conhecimento exato da sociedade tomar-se, para uma classe, a condição imediata de sua autoafirmação na luta; quando, para essa classe, seu autoconhecimento significar, ao mesmo tempo, o conhecimento correto de toda a sociedade; quando, por consequência, para tal conhecimento, essa classe for, ao mesmo tempo, sujeito e objeto do conhecimento e, portanto, a teoria interferir de modo imediato e adequado no processo de revolução social, somente então a unidade da teoria e da prática, enquanto condição prévia da função revolucionária da teoria, será possível. FONTE:Lukács, Gyorgy. História e consciência de classe : estudos sobre a dialética marxista, trad. Rodnei Nascimento , revisão da tradução Karina Jannini, São Paulo, Martins Fontes, 2003, (p. 65-66).

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